No domingo (24), o cenário da Escola Estadual Rodrigues Alves estava diferente dos tradicionais fins de semanas, quando não se vê e não se ouve nenhuma pessoa nas portas e corredores. Bastava dobrar a esquina da Avenida Paulista, na altura do número 200, para enxergar um grande amontoado de pessoas que transformaram o habitual silêncio em ruidosas conversas que transbordaram os muros da escola.
Rodas de conversas formadas por desconhecidos, nervosas névoas de fumaça de cigarro, sujeitos compenetrados em suas leituras, gente de Recife, de Belo Horizonte, de São Paulo, e de outras partes do Brasil, todos unidos pelo mesmo motivo: prestar a primeira fase para o concorrido Processo Seletivo 2011 da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco.
Sentado em uma mesa no pátio da escola, Carlos Henrique Tiago Oliveira, mais conhecido como Caique, conta que chegou à Capital às oito da manhã, direto de Belo Horizonte, e que volta para sua cidade, cheio de esperança, no mesmo dia. “É um bate e volta, mas não vou embora antes de assistir a `Casting´, com Bete Dorgam”, revela.
Caique é candidato ao curso de Humor, coordenado por Raul Barretto. “Eu sempre gostei de humor, daí surgiu a ideia de montar um grupo de Stand Up e improviso, em Belo Horizonte, que recebeu o nome de Liga da Comédia. Quero estudar na SP Escola de Teatro, pois somente lá existe um curso específico como esse, quero aprender, da teoria a prática”, complementa.
Nessa mesma escola onde Caique prestou a primeira fase para o processo seletivo do curso de Humor, estavam os candidatos aos cursos de Dramaturgia, Direção, Cenografia e Figurino, Técnicas de Palco e Sonoplastia. O processo seletivo para o curso de Atuação foi realizado na Escola Estadual João Kopke, no bairro de Campos Elíseos, em São Paulo.
Lilian Prado, candidata ao curso de Direção, explica que já é formada em Artes Cênicas, é bailarina e também cantora, e se interessa pelo curso de Direção da SP Escola de Teatro pois tem grande admiração pelo trabalho de Rodolfo García Vázquez, coordenador do Curso. “Ele atinge tantas camadas e chega tão perto do público… Quero aprender como fazer cenas experimentais e vanguardistas como ele”, confessa.
Outra candidata ao processo seletivo é a fotógrafa Juliana Tristão, frequentadora assídua dos Territórios Culturais realizados pela Escola aos sábados. “Eu escolhi Cenografia e Figurino pois sempre adorei desenhar. É um tipo de arte que, para mim, se encaixa e trabalha com todo o teatro”, explica.
À espera da abertura dos portões e equilibrados numa mureta no pátio da escola, Thays dos Santos, Isis Helena Flores Santos e Sueliton Edson Martins discutiam teatro e escolhas como se fossem velhos amigos, embora tivessem acabado de se conhecer.
Direto de Recife, Sueliton veio prestar Cenografia e Figurino e diz que seu maior sonho é passar no processo seletivo. “Me formei em Artes Plásticas na minha cidade, hoje sou dançarino. Conheço o trabalho de J. C. Serroni e sou fã dele”, revela.
A mais nova amiga de Sueliton, Isis Santos, também é candidata a uma vaga no mesmo curso que ele. Isis, que se formou em Cinema e fez vários cursos na área de Direção de Arte, explica que adorou a proposta pedagógica da SP Escola de Teatro. “Quando que a Escola se estabelecia em por Módulos me apaixonei. E, ao ver o nome do Serroni na coordenação, não pensei duas vezes”, afirma.
Enquanto a equipe de comunicação da SP Escola de Teatro conversava com esse trio, uma organizadora do Processo Seletivo avisava que os portões já iriam fechar e que era preciso que os candidatos se acomodassem em suas salas. Na correria, Thais Santos revela que escolheu o curso de Iluminação porque essa ideia acendeu novos sonhos para a atriz. “Tudo que envolve arte me interessa, acho que nasci com isso. Em minhas atuações, tive a possibilidade de trabalhar com a luz e adorei. Agora quero aprender mais e seguir carreira”, finaliza.
Os portões se fecharam exatamente às 14h, aos poucos o pátio lotado se esvaziou e aquele domingo ensolarado na Escola Estadual Rodrigues Alves voltou, pelo menos por mais três horas, a ficar silencioso.
Foto: Renata Forato