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Papo de Teatro com Ricardo Blat

Publicado em: 09/05/2011 |

Ricardo Barbosa Blat é ator

 

Como surgiu o seu amor pelo teatro?

Por sentir que o teatro é um meio transformador do comportamento humano, possibilitando melhor qualidade de vida a todos. E também porque no teatro eu voo sem limites.

 

Lembra da primeira peça a que assistiu? Como foi?

Foi uma peça com o Oscarito, chamada “O Cupim”. Até hoje tenho na memória algumas imagens e um autógrafo dele.

 

Um espetáculo que mudou o seu modo de ver o teatro.

“O Balcão”, de Jean Genet, com direção de Victor Garcia.

 

Um espetáculo que mudou a sua vida.

“My Fair Lady”, com inesquecível atuação de Bibi Ferreira.

 

Você teve algum padrinho no teatro? Se sim, quem?

Não tive padrinho no teatro!

 

Já saiu no meio de um espetáculo? Por quê?

Não costumo sair. Sempre aprendo alguma coisa. Mesmo que seja difícil suportar a exibição até o final. Mas sempre saio com considerações que me ajudam a aperfeiçoar o meu ofício.

 

Teatro ou cinema? Por quê?

Ambos. São linguagens diferentes. Meu critério de escolha é pela qualidade do projeto e não pelo veículo.

 

Cite um espetáculo do qual você gostaria de ter participado. E por quê?

“Jesus Cristo Superstar”, porque a história é linda e as músicas emocionantes, compostas para orquestra e banda de rock. 

 

Já assistiu mais de uma vez a um mesmo espetáculo? E por quê?

Já sim! Porque queria perceber detalhadamente a sua construção e desempenho do elenco.

 

Qual dramaturgo brasileiro você mais admira? E estrangeiro? Explique.

O dramaturgo brasileiro que eu mais admiro é Rogério Blat, pois sua dramaturgia é moderna, popular, conquistando o público de todas as classes sociais com humor e sabedoria crítica. Também adoro Ionesco, pela irreverência e audácia. 

 

Qual companhia brasileira você mais admira?

A Armazém Companhia de Teatro, do Paulo de Moraes.

 

Existe um artista ou grupo de teatro do qual você acompanhe todos os trabalhos?

Gosto de acompanhar os trabalhos de Gilberto Gawronski e de Fernando Eiras. E da Armazém.

 

Qual gênero teatral você mais aprecia?

Todos. Contanto que seja extremamente comunicativo.

 

Em qual lugar da plateia você gosta de sentar? Por quê? Qual o pior lugar em que você já se sentou em um teatro?

Gosto de sentar num lugar em que não me sinta sufocado e de preferência distante do palco para ter uma visão ampla do trabalho. O pior lugar que já me sentei foi numa plateia de um teatro na Broadway, pois a poltrona ficava atrás de uma coluna.

 

Fale sobre o melhor e o pior espaço teatral que você já foi ou já trabalhou?

Os melhores espaços, para mim, foram inúmeros: desde o Teatro Municipal de São Paulo e o Municipal do Rio de Janeiro até um circo no Festival de Teatro de Guaramiranga, no Ceará. Cabe ressaltar que o ator impregna o espaço, qualquer que seja ele, com sua arte e energia. Mas é claro que em meu percurso profissional já me defrontei com espaços que não só desrespeitavam e prejudicavam os atores, mas também o público.

 

Existe peça ruim ou o encenador é que se equivocou?

Existem ambos: peças ruins e encenadores que se equivocaram. 

 

Como seria, onde se passaria e com quem seria o espetáculo dos seus sonhos?

Seria no Universo, num ambiente de magia e mistério, e eu faria. Aliás, esse espetáculo já existe. Chama-se “No Meio do Nada”, de Rogério Blat. Eu já atuei nele no Rio, em Brasília e em São José do Rio Preto.

 

Cite um cenário surpreendente.

O de Ronald Teixeira para a peça “O Patinho Feio”, de Rogério Blat.

 

Cite uma iluminação surpreendente.

A de Paulo Cesar Medeiros para “Uma História de Borboletas”, de Caio Fernando Abreu.

 

Cite um ator que surpreendeu suas expectativas.

Rodrigo Santoro em “Hoje é Dia de Maria I e II”

 

O que não é teatro?

Aquilo que não oferece possibilidades de reflexão e emoção através de uma encenação. 

 

A ideia de que tudo é válido na arte cabe no teatro?

Não. Tudo deve estar dentro de uma proposta e ter um objetivo. É necessário ter uma história para contar.

 

Na era da tecnologia, qual é o futuro do teatro?

Promissor, pois o ritual ao vivo, que é característica do teatro, sempre será insubstituível.

 

Em sua biblioteca não podem faltar quais peças de teatro?

Shakespeare, Caio Fernando Abreu, Dias Gomes e Rogério Blat.

 

Cite um diretor (a), um autor (a) e um ator/atriz que você admira.

Diretor: Eduardo Tolentino de Araújo

Autor: Rogério Blat

Ator: Fernando Eiras

Atriz: Maria Alice Vergueiro

 

Qual o papel da sua vida?

Todos que baterem à minha porta. Se isso acontece, nunca poderei recusá-los.

 

Uma pergunta para William Shakespeare, Nelson Rodrigues, Bertold Brecht ou algum outro autor ou personalidade teatral que você admire. 

Juro que não tenho nenhuma pergunta para fazer a eles. Todos continuam me surpreendendo com respostas maravilhosas a todo o momento.

 

O teatro está vivo?

Vivíssimo, mais do que nunca. Nunca morrerá!