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Papo de Teatro com Marcília Rosário

Publicado em: 26/11/2012 |


Marcília Rosário é atriz, diretora, professora e uma das fundadoras do Departamento de Artes Cênicas da Unicamp


Como surgiu o seu amor pelo teatro?
Assistindo teatro. Na verdade, eu era Química (técnica) e fazia a Faculdade de Ciências Químicas e Físicas no Mackenzie. Saindo da aula, desci pela Rua Dr. Vila Nova e, na frente do Sesc, tinha um cartaz: “Quer fazer teatro? Suba e se inscreva”… Subi e nunca mais voltei à faculdade. Larguei tudo para fazer teatro. O Sesc oferecia um curso de um ano, que terminava  com uma montagem. Fizemos “Woyseck”, de George Buchner. No ano seguinte, prestei a EAD e entrei.

Lembra da primeira peça a que assistiu? 
“Pega-Fogo”, com Cacilda Becker. Foi fascinante! Ainda tenho as cenas na minha retina.

Um espetáculo que mudou a sua vida foi… 

“Até Onde a Vista Alcança”, de Reinaldo Santiago.

Um espetáculo que mudou o seu modo de ver teatro foi…
“Galileu Galilei”, de Bertolt  Brecht, no Teatro Oficina.

Você teve algum padrinho no teatro? 
Não. 

Já saiu no meio de um espetáculo? 
Não. Tenho muito respeito por quem faz teatro.

Teatro ou cinema? 
Teatro. É artesanal. Ator na frente do público e a energia que “deve” circular entre a cena e a plateia.

Cite um espetáculo do qual você gostaria de ter participado. E por quê? 
São muitos. Mas destaco “A Torre de Babel”, do Arrabal, dirigida pelo Ripper, no Teatro Ruth Escobar.

Já assistiu mais de uma vez a um mesmo espetáculo? E por quê? 
Não. Fico sempre com a primeira impressão.

Qual dramaturgo brasileiro você mais admira? E estrangeiro?
Carlos Alberto Soffredini. O Soffra era um gênio na pesquisa e dramaturgia da raiz brasileira. Já o Bertolt Brecht mudou minha vida, meu cotidiano, minha maneira de encarar a vida em sociedade.

Qual companhia brasileira você mais admira?
Admiro os grupos teatrais que lutam e conseguem fazer belíssimos espetáculos.

Existe um artista ou grupo de teatro que você acompanhe todos os trabalhos?
Só o meu grupo, Lux in Tenebris.

Qual gênero teatral você mais aprecia? 
Aquele que sempre traz humor.

Em qual lugar da plateia você gosta de sentar? Qual o pior lugar em que você já se sentou em um teatro?
Na quarta ou quinta fileira. Dá para ver melhor os detalhes da cenografia, figurinos, adereços etc… O pior lugar em que já me sentei é aquele em que, na frente, há pessoas mais altas. Sabe, sou baixinha e pessoas mais altas e cabeçudas na minha frente, não dá…

Existe peça ruim ou o encenador é que se equivocou? 
O encenador sempre faz milagres, mas acho que é necessário um bom texto ou tema e, principalmente, bons atores para um bom espetáculo.

Como seria, onde se passaria e com quem seria o espetáculo dos seus sonhos? 
O espetáculo dos meus sonhos sempre é o próximo.

Cite um cenário surpreendente.
O cenário de “Bella Ciao”, no Teatro Taib.

Cite uma Iluminação surpreendente. 
A iluminação de “Até Onde a Vista Alcança”.  As cenas se interpunham como num filme. Maravilhosa.

Cite um ator que surpreendeu suas expectativas.
Renato Borghi.

O que não é teatro? 
Aquele que não tem ação dramática. O caminho das personagens não altera as ações das  outras…

A ideia de que tudo é válido na arte cabe no teatro? 
Tudo cabe no teatro, desde que pensado do ponto de vista da Arte Cênica.

Na era da tecnologia, qual é o futuro do teatro? 
Sempre haverá um espectador assistindo a outro. O teatro tem essa cumplicidade…

Em sua biblioteca, não podem faltar quais peças de teatro?
Textos do Brecht, Shakespeare, Nelson Rodrigues, Soffredini,  as farsas medievais … Também não vivo sem as farsas do Teatro Nô e o “Cadernos de Teatro”, do Tablado.

Cite um diretor (a), um autor (a) e um ator/atriz que você admira.
Diretor e autor: Reinaldo Santiago; Ator: Renato Borghi; Atriz: Maria Alice Vergueiro.  

Qual o papel da sua vida?
Mãe Coragem, da peça “Mãe Coragem e Seus Filhos”, do Brecht.

Uma pergunta para William Shakespeare, Nelson Rodrigues, Bertolt Brecht ou algum outro autor ou personalidade teatral que você admire.

Para William Shakespeare: “Você escreveu mesmo aquilo tudo?”; Para Bertolt Brecht: “Como você retrataria o homem  nos  dias de hoje?”.

O teatro está vivo?
Sempre. Muito vivo.