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Papo de Teatro com Luciana Carnieli

Publicado em: 02/03/2013 |

Luciana Carnieli é atriz e autora

Como surgiu o seu amor pelo teatro?
Antes, eu dançava. Era bailarina. Já amava estar em cena, mas foi justamente o lado dramático da dança que me chamou a atenção e aí fui para o teatro.

Lembra da primeira peça a que assistiu? Como foi?
Não me lembro exatamente. Havia vários espetáculos infantis que iam até minha escola, quando era criança. Mas o curioso foi que eu resolvi escrever uma peça aos oito anos de idade. Escrevi e encenei com meus amigos.

Um espetáculo que mudou a sua vida foi…
Ver um ótimo espetáculo é sempre estimulante e aquele que faz com que você queira seguir adiante nesse caminho é realmente especial. Assim foi com “Maria do Caritó”, recentemente.

Um espetáculo que mudou o seu modo de ver teatro foi…
Não sei se eu poderia citar apenas um espetáculo. São vários marcantes, inesquecíveis, como: “O Futuro Dura Muito Tempo”, com Rubens Corrêa; “Elas por Ela”, com Marília Pêra; “O Caminho para Meca”, com Cleyde Yáconis. Admiro muito o trabalho do ator em si e acho que o teatro é basicamente feito disto.

Você teve algum padrinho no teatro? Se sim, quem?
Não. Adoraria ter! Acho que facilitaria tudo. (risos)

Já saiu no meio de um espetáculo? Por quê?
Já saí, sim. Quando a cena me agride, por algum motivo, não vejo por que ficar sofrendo ali sentada.

Teatro ou cinema? Por quê?
Teatro e cinema. Estava chato demais! (risos)

Cite um espetáculo do qual você gostaria de ter participado. E por quê?
Gostaria de ter feito parte do TBC. Deveria ser incrível aquela época do teatro paulista.  Tantos textos bons sendo encenados, produzidos. Só poderia formar uma geração brilhante mesmo.

Já assistiu mais de uma vez a um espetáculo? E por quê?
Eu me lembro de ter assistido a “Almanaque Brasil” do Circo Grafitti, umas quatro vezes. E também, “Péricles, o Príncipe de Tiro”, com Cleyde Yáconis. Adorei ver e rever o trabalho dos atores. Eu aprendo muito vendo os atores. Acredito que um ator não aprende só com diretores, mas muito com outros atores. Por isso que vejo e revejo todos os filmes da atriz inglesa Helen Mirren. Acho uma aula!

Qual dramaturgo brasileiro você mais admira? E estrangeiro?
Dos estrangeiros, amo Tennessee Williams, que com maestria cria personagens tão frágeis, tão humanos, deliciosamente carentes e perversos… E não tem como não citar Nelson Rodrigues. A temática de suas peças não me pega muito, mas a forma com que ele conduz seus textos é maravilhosa!

Qual companhia brasileira você mais admira?
Infelizmente, temos poucas companhias. Temos muitos grupos maravilhosos.

Existe um grupo ou artista o qual você acompanhe todos os trabalhos?
Eu procuro acompanhar o trabalho de todos os meus colegas. Sempre que posso vou ao teatro prestigiar o trabalho dos amigos que são verdadeiros heróis, produzindo teatro nesse País.

Qual gênero teatral você mais aprecia?
Eu gosto de bom teatro, não importa o gênero.

Em qual lugar da plateia você gosta de sentar? Por quê? Qual o pior lugar em que você já se sentou em um teatro?
Eu gosto de me sentar num lugar que eu veja bem a peça, claro. O pior lugar… acho que foi vendo um espetáculo de Marta Graham no “puleiro” do Teatro Municipal de São Paulo. Por mais malabarismos que eu fizesse, não dava pra ver nada.

Existe peça ruim ou o encenador é que se equivocou?
Claro que tem peça ruim. E também encenador equivocado, que faz peça ruim.

Como seria, onde se passaria e com quem seria o espetáculo dos seus sonhos?
O espetáculo dos meus sonhos é aquele que tenha as condições ideais para produção e criação. Onde todos os profissionais se sintam felizes e valorizados em suas funções.

Cite um cenário surpreendente.
Cito o cenário de J.C.Serroni para “Leonce e Lena”, com direção de Gabriel Villela. O cenário todo, incluindo a plateia, era feito de papelão cru.

Cite uma Iluminação surpreendente.
Marisa Bentivegna, em “Aldeotas”.

Cite um ator que surpreendeu suas expectativas.
Acho que temos grandes atores e atrizes. Vários. Tive a alegria de ver grandes desempenhos e interpretações. É uma sensação maravilhosa sair do teatro com uma criação dessas impressa na alma.

O que não é teatro?
Terapia pessoal e de grupo.

A ideia de que tudo é válido na arte cabe no teatro?
Não.

Na era da tecnologia, qual é o futuro do teatro?
Talvez seja o de continuar sendo teatro.

Em sua biblioteca, não podem faltar quais peças de teatro?
Não podem faltar peças de estilos diversos, de grandes autores, que me inspirem e estimulem escrever.

Cite um diretor (a), um autor (a) e um ator/atriz que você admira.
Nicette Bruno, Gabriel Villela, Newton Moreno, entre tantos colegas talentosos…

Qual o papel da sua vida?
Medeia. Adoraria fazer…

Uma pergunta para William Shakespeare, Nelson Rodrigues, Bertolt Brecht ou algum outro autor ou personalidade teatral que você admire.
Para Cacilda Becker: “Quer que eu explique o que são as leis de incentivo?”

O teatro está vivo?
Sim, muito! Todo mundo muito preocupado com o dinheiro. Mas a arte permanece.