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Papo de Teatro com Eduardo Martíni

Publicado em: 01/11/2010 |

Eduardo Martini é ator, cantor e produtor.
 

Como surgiu o seu amor pelo teatro?

Eu acho que já vem no DNA (risos). Na verdade, estudei em colégios que tinham teatro como matéria…e reprovava.

Lembra da primeira peça a que assistiu? Como foi?

A primeira que assisti não me lembro, mas eu fiquei apaixonado por ”Gota D’Água”,  com Bibi Ferreira. Assisti  17 vezes. Ela é uma deusa! Babava e até hoje babo no trabalho da Bibi.

Qual foi a última montagem que você viu?

“O Colecionador de Crespúsculos”.  Com meu amigo Marcos Oliveira. Lindo trabalho e ele dá um show!

Um espetáculo que mudou o seu modo de ver o teatro.

Marco Nanini em  “Uma Noite na Lua”, monólogo de João Falcão. Eu fiquei extasiado.

Um espetáculo que mudou a sua vida.

“Dreamgirls”, a primeira montagem. Morava em Nova York e pude assistir a Jennifer Holiday cantar. Não conseguia respirar. Fui pra casa e  a sensação era que eu flutuava.

Você teve algum padrinho no teatro? Se sim, quem?
Não. Sempre batalhei muito para estar no palco. Me produzi sempre e pude sim contar com pessoas muito talentosas, Marcelo Saback, Regiana Antonini.  Na TV, Chico Anysio  é uma aula constante. Que talento!

Teatro ou cinema? Por quê?

Trabalhar…porque amo o que faço.

Cite um espetáculo do qual você gostaria de ter participado. E por quê?

“Algemas do Ódio”, com José Wilker e Miguel Falabella. Fui chamado para fazer, mas já tinha me comprometido com o “Não Fuja da Raia”.

Já assistiu a mais de uma vez a um mesmo espetáculo? E por quê?

Sempre. Quando eu gosto , nossa… Adoro ver todos os detalhes.

Qual dramaturgo brasileiro você mais admira? E estrangeiro? Explique.

Marcelo Saback  é um dos meus preferidos. Adoro Adriana Falcão, Regiana Antonini, Ricardo de Almeida….
Dario Fo para mim é um dos melhores do mundo. Ainda vou montar um texto dele.

Existe um grupo ou companhia de teatro que você acompanhe todos os trabalhos?

Eu curto o trabalho da Companhia de Teatro  Atores de Laura, no Rio de Janeiro, mas pouco consigo ver teatro. Estou  sempre trabalhando.

Qual gênero teatral você mais aprecia?

A comédia e o musical. Adoro. A comédia bem feita agrega ! O musical encanta.

Qual lugar da plateia você costuma sentar? Por quê? Qual o pior lugar em que você já se sentou em um teatro?

Adoro o meio da plateia. Vejo tudo. Todos.
A cadeira extra geralmente é bem desconfortável!

 

Fale sobre o melhor e o pior espaço teatral em que você já foi ou já trabalhou?

Eu adoro o Teatro Folha! Me receberam muito bem em São Paulo quando vim com o monólogo “Na Medida do Possível”,  a comédia da crise do homem de 40 anos. O Isser Korik, Léo Steinbruch e Max Schiftan toda a equipe me deixam muito confortável. Lá, me sinto em casa. O pior teatro é aquele que é administrado por pessoas que não são de teatro e não gostam de teatro. Fazer teatro não é fácil e requer um entendimento de vida diferente. As coisas acontecem sem você esperar. E quando a preguiça é reforçada por uma espécie de cabide de emprego, então… Da dó ver teatros assim, parados, sem público, dá pena!

Já assistiu a alguma peça documentada em vídeo? O que acha do formato?

Teatro em vídeo não é teatro. Teatro precisa da química do  público x ator x personagem.
Se não rola isso não é teatro!

Existe peça ruim ou o encenador é que se equivocou?

Existem os dois. Há textos que são “imontáveis”  (risos) e encenadores equivocados. Trabalham com o ego e quando o ego  vem acima de tudo o trabalho não existe mais.

Como seria, onde se passaria e com quem seria o espetáculo dos seus sonhos?

Ah! Eu trabalho com a emoção do momento. Meus espetáculos são meu sonho, minha vida. Com eles atinjo as pessoas de uma forma tão incrível (e tenho provas ) que me sinto um privilegiado.
Meu sonho é que a cultura fosse levada mais a sério pelos governantes. E que eu pudesse ter um teatro.

 

Cite um cenário surpreendente.

Eu adoro o José Dias, cenógrafo maravilhoso. No Brasil, adorei o cenário da peça da Zezé Polessa. Incrível.  Em Nova York, “Grand Hotel”, feito só com cadeiras. Um sonho!

Cite uma iluminação surpreendente.

Paulo César de Medeiros. Adoro tudo que ele faz.

Cite um ator que surpreendeu suas expectativas.

Marco Nanini. Acompanho o trabalho dele desde o musical “Deus lhe Pague”. Um ídolo para mim.

 

Que texto você foi ler depois de ter assistido a sua encenação?

Nenhum! (risos) Nunca tinha pensado nisso!

A ideia de que tudo é válido na arte cabe no teatro?

Sim. Liberdade total, mas com responsabilidade. Saber equalizar é o grande segredo.

Na era da tecnologia, qual é o futuro do teatro?

O teatro continuará  a ser uma platéia lotada e um ator em cena. Essa química não se conseguirá virtualmente.

O teatro é uma ação política? Por quê?

Pode ser sim. O teatro também tem essa função.

Quando a estética se destaca mais do que o texto e os atores?

Esquisito, né? Não são bons atores? Deixaram os atores de lado? Alguém preferiu a estética? Então por que foi fazer teatro?

Qual encenação lhe vem à memória agora? Alguma cena específica?

“Solteira, Casada, Viúva, Desquitada”, com Lilia Cabral. Amo.com.br.

Em sua biblioteca não podem faltar quais peças de teatro?

“Quem Tem Medo de Itália Fausta?”, de Miguel Magno e Ricardo Almeida
“Cinderela”,  de José Wilker
E todos os textos infantis da Maria Clara Machado.

 

Cite um diretor (a), um autor (a) e um ator/atriz que você admira.

João Falcão, José Possi Neto, Marcelo Saback, Lilia Cabral, Marco Nanini, Glória Menezes, Claudia Raia… nossa, tantos colegas tão talentosos.

Qual o papel da sua vida?

O papel da peça do momento.

Uma pergunta para William Shakespeare, Nelson Rodrigues, Bertold Brecht ou algum outro autor ou personalidade teatral que você admire. (Por favor, explicite para quem é a pergunta).

Wiliam Shakespeare, quem foi Romeu e quem foi Julieta para você? É um texto dos mais lindos que já li.

O teatro está vivo?

Graças a Deus! Vivo!

Indique um livro, um filme, uma exposição ou um espetáculo que você recomendaria como imperdível e o motivo.

Escolha de Sophia. Com Maryl Streep,  uma lição de vida, de interpretação, de tudo…