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Papo de Teatro com Antonio Guedes

Publicado em: 17/12/2012 |

Antonio Guedes é diretor teatral e professor universitário

Como surgiu o seu amor pelo teatro?
No colégio. Ainda no primário (fundamental). Sempre gostei de trabalhar nas peças e de participar dos eventos. Adorava um palco.

Lembra da primeira peça a que assistiu? 
Foi uma peça infantil… Não me lembro mais.

Um espetáculo que mudou o seu modo de ver teatro foi…
“O Percevejo”, de Maiakovski, dirigido por Luís Antônio Martinez Corrêa. Também tive a sorte de ver “Macunaíma”, do Antunes Filho e “A Tempestade”, do Peter Brook.

Você teve algum padrinho no teatro? Se sim, quem?
Não. Não tinha nenhum artista na minha família. Então, fui conquistando espaço por meu próprio esforço.

Já saiu no meio de um espetáculo? Por quê?
Sim. Já saí. Era constrangedor. Era quase uma falta de respeito com o público, de tão constrangedor.

Teatro ou cinema? Por quê?
No teatro eu trabalho (com prazer), mas no cinema eu me divirto.

Cite um espetáculo do qual você gostaria de ter participado. E por quê? 
“O Percevejo”, de Maiakovski, dirigido por Luís Antônio Martinez Corrêa.

Um espetáculo que mudou a sua vida foi… 
O mesmo.

Já assistiu mais de uma vez a um mesmo espetáculo? E por quê?
“O Percevejo”, de Maiakovski, dirigido por Luís Antônio Martinez Corrêa. Estou começando a me repetir… (risos).

Qual dramaturgo brasileiro você mais admira? E estrangeiro?
Brasileiro, sem dúvida, Nelson Rodrigues. Estrangeiro, alguns: Samuel Beckett, Valère Novarina, Ibsen, Tchekov, Sófocles… Uma lista extensa e muito eclética (risos).

Qual companhia brasileira você mais admira?
Gosto de algumas: Cia. dos Atores, Armazém, mas não posso deixar de citar o pai de todas elas, que é o Grupo Galpão.

Existe um artista ou grupo de teatro o qual você acompanhe todos os trabalhos?
É muito difícil para quem trabalha com teatro conseguir acompanhar todos os trabalhos. Mas tem uma companhia muito jovem, que me instiga a seguir acompanhando-a. Já vi três espetáculos dela. Chama-se Teatro Inominável e está, atualmente, circulando por festivais (alguns amadores) com seu último trabalho, que se chama “Sinfonia Sonho”.

Qual gênero teatral você mais aprecia? 
Difícil… Gosto menos de comédias, especialmente de esquetes ou stand-up.

Em qual lugar da plateia você gosta de sentar? Por quê? Qual o pior lugar em que você já se sentou em um teatro?
Gosto de me sentar no centro. Nem muito na frente, nem muito atrás. Gosto de ver o espetáculo a certa distância, para ter o palco todo no meu campo visual. O pior lugar foi atrás de uma pilastra, no Espaço dos Correios, no Rio.

Existe peça ruim ou o encenador é que se equivocou? 
O fato de o encenador ter se equivocado deve resultar numa peça ruim… (risos).  Mas prescindir de um encenador – mesmo que o trabalho seja feito num processo colaborativo (me pergunto se todo processo importante não seria colaborativo), é muito importante existir alguém que assuma essa função. Porque é uma função, e não um espaço de demonstração de ego.

Como seria, onde se passaria e com quem seria o espetáculo dos seus sonhos?
Acho que não sei.

Cite um cenário surpreendente.
“Marat, Marat”, de Doris Rollemberg, direção de Márcio Vianna.

Cite uma Iluminação surpreendente. 

“Electra Com Creta”, espetáculo de Gerald Thomas e, se não me engano, a luz era de Wagner Pinto.

Cite um ator que surpreendeu suas expectativas.
Prefiro não responder a essa…

O que não é teatro? 
Muita coisa não é teatro. Não compartilho da opinião que diz que tudo é teatro. A vida, por exemplo, não é teatro, como o senso comum costuma afirmar. Segundo Nelson Rodrigues, vida é o que representamos no palco, e não o que vivemos lá fora. Então, o teatro é uma dimensão enorme. Mas diferente de outras dimensões.

A ideia de que tudo é válido na arte cabe no teatro? 
Não acho que tudo seja válido na arte. O que não se explica ou o que não estabelece relação com o mundo, não é válido nem na arte de modo geral, nem no teatro especificamente.

Na era da tecnologia, qual é o futuro do teatro? 
A importância do teatro aumenta porque cria um contraponto para as relações virtuais.

Em sua biblioteca, não podem faltar quais peças de teatro?
As peças de Nelson Rodrigues, Samuel Beckett, Valère Novarina, Ibsen, Tchekhov, Sófocles.

Cite um diretor (a), um autor (a) e um ator/atriz que você admira.
São muitos… Não cometerei a injustiça de escolher.

Qual o papel da sua vida?
Passo. Sou diretor.

Uma pergunta para William Shakespeare, Nelson Rodrigues, Bertolt Brecht ou algum outro autor ou personalidade teatral que você admire.
Passo

O teatro está vivo?
Com certeza. Acho que, hoje, o teatro é uma arte para poucos. Não é mais um evento de multidões. Mas está vivo, como sempre.