Em 22 de janeiro de 1953, estreava na Broadway, em Nova York, a peça “The Crucible” (“As Bruxas de Salém”), do dramaturgo norte-americano Arthur Miller. Baseada em fatos reais, no “caça às bruxas” ocorrido em Salém, em Massachusetts, em 1692, Miller dava sua resposta ao macarthismo americano, onde ele, colegas e outras pessoas eram perseguidos pelo governo por serem comunistas.
Agora, em 17 de junho, a Cia Os Satyros, de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, revisitam esse clássico do teatro norte-americano, montando “As Bruxas de Salém” à luz de acontecimentos políticos recentes no Brasil, dos julgamentos da Lava Jato ao dia 8 de janeiro de 2023.
Com 33 atores no elenco e tradução de Vázquez para a dramaturgia de Miller, o grupo quer falar da polarização da sociedade brasileira contemporânea, tendo como metáfora o delírio histérico de mentiras, perseguições e vinganças que geraram a tragédia de Salém em uma pequena comunidade puritana do século 17.
Se a peça de Miller, nos anos 1950, já era uma metáfora política, a montagem brasileira, 70 anos depois, traz mais uma camada política, buscando refletir de maneira atemporal sobre manipulação, intolerância, a distorção da realidade e os perigos do fanatismo religioso.
Entre os temas que a montagem dos Satyros almeja tratar em cena durante a peça, estão histeria coletiva e disseminação de medo, manipulação e abuso de poder, intolerância e perseguição, julgamento público e cancelamento, crise de confiança nas instituições e fake news.
A temporada de “As Bruxas de Salém” terá início no dia 17 de junho e acontecerá no Espaço dos Satyros, na Praça Roosevelt, nº 214, local que é a casa do coletivo desde seu retorno ao Brasil, em 2000. O espetáculo fará sessões de quinta a sábado às 20h30 e domingo às 18h.
A primeira montagem de “As Bruxas de Salém” no Brasil ocorreu em 1960 e teve a direção de Antunes Filho.
Sinopse
Na pequena cidade de Salém, Massachusetts, durante o século 17, uma onda de histeria toma conta da comunidade quando um grupo de meninas adolescentes acusa várias mulheres da cidade de bruxaria. Entre as personagens principais estão John Proctor, um fazendeiro respeitado na comunidade; o reverendo Parris, um pastor ambicioso e inimigo de Proctor; Abigail Williams, a jovem sobrinha do reverendo que teve uma paixão frustrada; Elizabeth Proctor, esposa de John; e o reverendo Hale, um especialista em bruxaria enviado para investigar as acusações.
Conforme as acusações se multiplicam, a cidade é tomada pelo medo e paranoia, dividindo-se entre aqueles que acreditam nas acusações e aqueles que desconfiam das motivações das jovens. John Proctor se vê no centro do conflito, lutando para proteger sua esposa e enfrentando seu próprio passado. A peça aborda temas profundos como manipulação, histeria coletiva, moralidade e o preço da integridade.
À medida que a narrativa se desenrola, os personagens são testados em sua coragem e moral, revelando segredos sombrios e forjando alianças inesperadas. “As Bruxas de Salém” é uma alegoria que explora as tensões entre a verdade e a mentira, a justiça e a injustiça, deixando o público imerso em um enredo repleto de conflitos morais e emocionais que estabelece relações diretas com a violência política, a manipulação, a política de cancelamento, a pós-verdade e as fake news de hoje.
SERVIÇO
“As Bruxas de Salém”
Temporada: De 17 de junho a 27 de agosto
Quando: Quintas, sextas e sábados às 20h30; Domingos às 18h
Onde: Espaço dos Satyros (Praça Roosevelt, 214, Consolação)
Tel. 11 3255 0994 / 11 3258 6345 | Whatsapp: 11 97883-9696
Duração: 140 min. e intervalo de 15 min.
Classificação etária: 16 anos
Gênero: Drama
Ingressos: R$ 50,00 (inteira), R$ 25,00 (meia-entrada) e R$ 5,00 (para moradores da Praça Roosevelt, somente na bilheteria física) – Venda on-line e bilheteria física
FICHA TÉCNICA
Idealização: Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez
Texto: Arthur Miller
Direção: Rodolfo García Vázquez
Elenco: Alana Carrer, Alessandra Nassi, Alex de Felix, Aline Barbosa, André Lu, Anna Paula Kuller, Bruno de Paula, Cristian Silva, Daj, Diego Ribeiro, Diogo Silva, Eduardo Chagas, Elisa Barboza, Felipe Estevão, Georgia Briano, Guilherme Andrade, Gustavo Ferreira, Henrique Mello, Heyde Sayama, Ícaro Gimenes, Jéssica de Aquino, Julia Bobrow, Karina Bastos, Laura Molinari, Luís Holiver, Marcia Dailyn, Mariana Costa, Mariana França, Morena Marconi, Pri Maggrih, Sabrina Denobile, Suzana Horácio e Vitor Lins Assistência de Direção: Guilherme Andrade
Tradução: Rodolfo García Vázquez
Dramaturgismo: Luís Holiver e Sabrina Denobile
Figurino: Elisa Barboza e Marcia Dailyn
Cenário: Thiago Capella
Iluminação: Flávio Duarte
Sonoplastia: Coletiva
Preparação Vocal: André Lu
Operação de Luz: Flávio Duarte
Operação de Som: Gabriel Mello
Produção: Diego Ribeiro, Elisa Barboza, Gabriel Mello e Maiara Cicutt
Realização: Os Satyros