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Os Caminhos da Dramaturgia no Módulo Verde 2013

Publicado em: 05/04/2013 |

Por Alessandro Toller*, especial para o portal da SP Escola de Teatro

O curso de Dramaturgia no Módulo Verde de 2013 inicia seus estudos a partir de conceitos considerados clássicos.  Ênfase em personagens bem construídos, ação dramática e conflito.  Apóia-se, neste primeiro momento, nas designações que surgem com Aristóteles, passando pela sistematização do filósofo alemão Hegel e sua dialética do confronto entre vontades opostas (personagens) que se chocam (conflito) e movimentam os eixos dramatúrgicos (ação dramática, enredo) para frente.

Estes conceitos são discutidos a partir dos exercícios práticos criados pelos próprios aprendizes, acreditando que o exemplo gerado no calor da sala de aula é um meio eficaz de referenciar o estudo.

No transcorrer do Módulo, os aprendizes entram em contato com a forma e conteúdo do teatro grego, da teoria sobre o realismo, da dramaturgia de Shakespeare e de um dos mais férteis períodos do teatro brasileiro (anos 1940 aos anos 1970, quando a dramaturgia nacional atinge singular reconhecimento através das companhias profissionais e autores comprometidos política e socialmente, caso do TBC, Teatro de Arena, Teatro Oficina.)

A partir do meio do semestre, iremos propor a relativização dos conceitos tradicionais, compartilhando com os aprendizes exemplos de dramaturgias mais recentes (nacionais e internacionais), onde se destaca a busca por novas investidas formais dentro das obras.

O dramaturgo e pesquisador francês Jean-Pierre Sarrazac é uma referência objetiva, especialmente sua obra “Léxico do Drama Moderno e Contemporâneo. A intenção é estimular novas atitudes de criação dramatúrgica de personagens, de diálogos dramáticos, da ideia de conflito e da própria estrutura da peça (fábula, intriga).

Os aprendizes irão ler e analisar obras que flertam com essas premissas, muitas delas não imediatamente reconhecíveis, porém intrigantes, potentes, desafiadoras.

Paralelamente aos estudos direcionados, os aprendizes são convidados a criarem peças com total liberdade temática e formal. Neste caso, não há necessariamente um vínculo direto com os pressupostos do Módulo. Há o estímulo para que olhem para o mundo e extraíam dele considerações importantes a serem trabalhadas num texto teatral. Para que olhem para o mundo e tenham algo urgente a dizer. O material criado recebe orientações de desenvolvimento de dramaturgos profissionais que acompanham os textos em gestação.

Há ainda um espaço considerável no Módulo para que os aprendizes possam compreender e praticar o exercício do “dramaturgismo”, atividade comum em alguns países europeus, mas incipiente por aqui. Alguns aprendizes atuarão como dramaturgistas em seus núcleos do Experimento, estabelecendo diálogos conceituais com seus parceiros de criação (diretores, equipe técnica, os próprios dramaturgos).

Um mergulho no estudo sobre a crise do gênero dramático, ao final do módulo, irá dispor os aprendizes a entenderem melhor como os aspectos épicos se tornaram tão presentes na dramaturgia de modo geral.

Por fim, em encontros semanais com o curso de Direção e em datas pré-agendadas com outros cursos, os dramaturgos levarão a cabo a tarefa de estruturar cenas – atributo que lhes é fundamental –, sejam cenas oriundas de exercícios em comum com as outras áreas, sejam as cenas que serão trabalhadas durante o período do Experimento.

*Alessandro Toller é formador do curso de Dramaturgia da  SP Escola de Teatro