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Noite de cenas e palavras na Sede Roosevelt

Publicado em: 15/08/2013 |

Ontem (14), a Sede Roosevelt da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco recebeu dois grandes eventos: a aula inaugural do curso “Processos criativos de encenadores brasileiros”, promovido pelo departamento de Extensão Cultural, e o lançamento do livro “O esteticismo niilista do número imaginário e outras peças” (90 págs., editora É Realizações, R$ 28), de Marcio Aquiles, dramaturgo, poeta e crítico literário, que escreve sobre teatro e literatura no caderno Ilustrada, do jornal Folha de S.Paulo.

Coordenadas por Rodolfo García Vázquez, que também responde pela coordenadoria do curso de Direção da Instituição, as aulas de “Processos criativos de encenadores brasileiros” reunirão 18 diretores para falarem como se dá o processo de criação de suas obras. Ontem, a abertura coube a Rodolfo, cofundador da Cia. de Teatro Os Satyros, ao lado de Ivam Cabral, diretor executivo da SP Escola de Teatro. Em sua explanação, Rodolfo contou como desenvolveu um método criativo próprio, a partir dos estudos sobre os sete tipos de inteligência, classificados pelo psicólogo e pesquisador Howard Gardner.

“Como o processo criativo acontece? Ele tem início com uma questão, o problema que precisa ser resolvido, que me paralisa e deverá me levar a algum lugar. Depois, vem a investigação, a imaginação e a concretização”, diz Rodolfo. “Mas este é um esquema que eu mesmo desenvolvi. Ele serve para mim; pode não fazer sentido nem servir pra vocês”, ele continua.

No meio desse processo, segundo Rodolfo, acontece a “eureka”. “É a resposta que você procurava, que pode vir em um sonho, andando nas ruas, durante uma pesquisa histórica. Há também a falsa eureka. Exemplo disso é quando estávamos montando ‘Antígona’, em 2003. Viajei para Buenos Aires e tive a ideia de criar um espetáculo chamado ‘Antitangona’, que se passaria num cabaré de tango, ao som de Astor Piazzolla. Era uma eureka falsa. Sorte que identifiquei isso a tempo, antes de realizá-la, senão, a catástrofe seria completa”, lembra Rodolfo, que continuou a aula citando exemplos de sua trajetória como encenador, para uma plateia repleta de olhares atentos e curiosos.

O curso continua hoje, com a aula de Fernando Neves, do grupo Os Fofos Encenam. Amanhã (dia 16), será a vez de Márcio Meirelles. Na segunda-feira (19), Hugo Possolo assume a classe. Depois, vêm: Nelson Baskerville (20), Cibele Forjaz (21), Claudia Schapira (22), José Fernando de Azevedo (23), Alexandra Golik e Carla Candiotto  (26), Sergio de Carvalho (27), Marcio Abreu (28), Marco Antonio Rodrigues (29), Jezebel De Carli (30), Zé Henrique de Paula (2 de setembro), Felipe Hirsch (3), Roberto Alvim (4), Johana Albuquerque (5). O encerramento será no dia 6 de setembro, com Bernadeth Alves, formadora do curso de Direção da Escola.

Lançamento literário

Simultaneamente, no saguão da Escola, acontecia a noite de autógrafos do novo livro de Marcio Aquiles, “O esteticismo niilista do número imaginário e outras peças”. Ao som de um animado jazz, tocado pela banda itinerante Orleans Street Jazz Band, que passou pela Escola, convidados como o escritor e psicanalista Contardo Calligaris e a atriz e produtora Djin Sganzerla confraternizavam com o autor.

 A obra, uma publicação da É Realizações, de Edson Filho, reúne oito peças curtas de teatro: “A decadência dos seres não abstratos”, “Colapsos mentais e o declínio dos sistemas de produção de sentido”, “Insuportabilidade da existência”, “A geometria do absurdo”, “Subdivisões prismáticas da ideia”, “Insolação lunar”, “A profundidade do silêncio das coisas inócuas” e “O esteticismo niilista do número imaginário”. Aprendizes da Escola e os atores convidados, Robson Catalunha e Henrique Mello, da trupe Os Satyros, fizeram a leitura dramática dos dois primeiros textos do livro.

“Saúdo com alegria a chegada do Marcio ao mundo do teatro. Não apenas porque é um autor jovem, cheio de boas ideias e apaixonado por seu ofício mas, e sobretudo, porque parece querer mexer com alguns conceitos e cânones da escrita cênica”, disse Ivam Cabral, que assina o prefácio da obra.
 

Texto: Esther Chaya Levenstein