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Narrador e Narradores

Publicado em: 20/08/2010 |

Dando continuidade ao projeto que engloba um ciclo de oito seminários que abordam a relação da cidade com o teatro e o gênero épico, hoje (20/8), a SP Escola de Teatro – Centro das Artes do Palco convidou o dramaturgo Luis Alberto de Abreu para uma palestra sobre narratividade e elementos do Teatro Épico.

Cerca de 200 aprendizes se dividiram em duas salas para assistir à palestra, numa delas o dramaturgo discutia o tema que é seu alvo de pesquisa há 15 anos, em outra um telão projetava o discurso ao vivo. “Para mim não há teatro sem o épico. Sempre gostei da literatura e narrativa desse gênero fundamental na minha formação”, explica.

Segundo Abreu, o épico é fundamental para qualquer ator, pois ele potencializa a voz do teatro. Do século XX para cá, existe uma recuperação de seus elementos, numa nova relação com o dramático. O gênero é feito por meio de narradores e tem, entre seus elementos, a imagem objetiva, o tempo, o espaço e a divisão por unidades. A figura do narrador entra como uma forma que muitas vezes substitui o ator. Todos esses elementos, da narração à literatura, ajudam a potencializar o dramático.

Luís Alberto de Abreu é autor de inúmeros roteiros de filmes, minisséries e espetáculos, como “Bella Ciao”, “Cala Boca já Morreu”, “Apocalipse 1.11”, “O Homem Imortal” e “O Rei do Riso”. O dramaturgo é reconhecido por transitar pela pesquisa e pelo experimentalismo em distintas formas dramáticas, além de trabalhar com variados grupos e projetos teatrais e ser adepto do processo colaborativo, escrita teatral baseada na cooperação próxima entre o dramaturgo e a equipe de encenação, que se debruçam sobre um tema, uma história ou qualquer outro tipo de material para gerar o texto do espetáculo. 

Os textos de Abreu vêm sendo encenados por diretores como Antunes Filho, Aderbal Freire Filho e Gabriel Vilela e companhias como o Grupo Galpão, Teatro da Vertigem e Fraternal Companhia de Arte e Malas Artes. Para a televisão, escreveu os roteiros das minisséries, “Hoje é Dia de Maria” e “A Pedra do Reino”.

“Luis Abreu é objetivo e consegue abordar o tema amplo e denso como o teatro épico de forma clara. Acho que essa palestra é tudo que a gente estava precisando. Ele falou de todos os detalhes, até comentou sobre o que o cenógrafo deveria usar em cena. É um prazer ter esse artista com tantos anos de experiência aqui. Quem se não ele para abordar o assunto?”, se pergunta Raquel Camargo Gandolfi, aprendiz do Curso de Humor da SP Escola de Teatro.

No Módulo Amarelo, a proposta pedagógica foca seu eixo temático no estudo do épico e seu elemento operador no lugar não edificado para a atividade teatral, o projeto do ciclo de palestras tem o objetivo de ampliar as discussões sobre esses dois assuntos. Os pesquisadores Ingrid Koudela e José Simões já participaram do ciclo de palestras que, a cada semana, tem um novo convidado. Na sexta (27), Alexandre Mate fará uma conferência com um panorama sobre o teatro épico para os aprendizes.