João das Neves em evento na SP Escola de Teatro, em 2014. Foto: SP Escola de Teatro
Morreu nesta sexta-feira (24), aos 84 anos, o diretor e dramaturgo carioca João da Neves. Um dos fundadores do Grupo Opinião, que durante 16 anos atuou com foco no teatro de protesto, além da difusão da dramaturgia nacional e popular, Neves teve especial importância no período de censura no Brasil, quando montou peças de cunho político.
“Morreu João das Neves, um artista inspirador e mítico na história do teatro brasileiro, que comungou com a minha visão do teatro porque sempre privilegiou a pesquisa, a experimentação da contemporaneidade, sem nunca ter se esquecido da tradição”, diz o diretor executivo da SP Escola de Teatro, Ivam Cabral.
Ao longo da carreira, João das Neves acumulou parcerias com autores como Vianinha e Ferreira Gullar. Em 1976, levou aos palcos seu mais conhecido texto, “O Último Carro”, que lhe rendeu o Prêmio Molière e o Mambembe de Melhor Diretor.
Bienal Internacional de São Paulo, APCA, Golfinho de Ouro e Quadrienal de Praga são alguns dos outros prêmios que recebeu. Em 1989, fundou o Grupo Poronga, e, já na década de 1990, estabeleceu-se em Belo Horizonte. Dirigiu, ainda, diversos shows, como de Chico Buarque, Milton Nascimento, Baden Powell e MPB4.
João das Neves e Ivam Cabral, em evento na SP Escola de Teatro. Foto: SP Escola de Teatro
Homenagem
Em 2014, João das Neves foi homenageado no Prêmio SP Escola de Teatro, concedido pela Instituição. Àquela época, Ivam Cabral destacou a importância do diretor e dramaturgo carioca na história da cena brasileira. “O Opinião é um dos mais importantes grupos do Brasil. João das Neves é um diretor que colocou em cena aquilo que estava ao seu redor sem perder suas raízes. A ideia de fazer um teatro popular e ao mesmo tempo investir numa dramaturgia própria, mas que falava diretamente com as pessoas, é um de seus traços marcantes”, comentou Cabral.
