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Memórias de Outrora

Publicado em: 27/09/2011 |

Em 2010, no ano em que a imigração libanesa ao Brasil completava 130 anos, o espetáculo “As Folhas do Cedro” estreou, levando aos palcos essa temática, que lhe renderia um prêmio APCA. Em 2011, desde março, a peça está em cartaz em vários teatros do estado de São Paulo, com passagens até por festivais da Bolívia. Agora, é a vez do Teatro Augusta, que apresenta a montagem da Companhia Teatral Arnesto nos Convidou, até quinta-feira (29).

 

Com texto e direção de Samir Yazbek, “As Folhas do Cedro” tem, em seu elenco, os atores Helio Cicero, Daniela Duarte, Douglas Simon, Gabriela Flores, Mariza Virgolino, Rafaella Puopoloe as crianças Marina Flores e Giovanna Dorini. A cenografia e figurino são de Telumi Hellen e Laura Carone, respectivamente, formadora e artista convidada da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco.

 

“As Folhas do Cedro” (Foto: Fernando Stankuns)

 

A história do espetáculo é narrada pela filha de um casal de imigrantes libaneses que, para encontrar sua identidade, transporta-se de São Paulo para o Amazonas dos anos 70, onde o pai trabalhava como empreiteiro de obras na construção da estrada Transamazônica. Essa busca pela própria identidade e por desvendar a figura do pai a leva iniciar uma reflexão profunda sobre o próprio sentido do amor e da vida.

 

Telumi conta que ficou surpreendida com o olhar que Samir conseguiu dar ao seu texto. “Mesmo sendo homem, ele aflorou um feminino, de uma forma mais amorosa, transcendente e delicada. O texto levanta questões sobre o mistério da falta de compreensão da totalidade da vida.”

 

Para colocar em cena esses conceitos, a cenógrafa comenta que a dupla se valeu de uma série de simbologias femininas, como o útero, e também explorou a terra, representada pela Amazônia – onde se passa o enredo da peça –, que, segundo ela, é um lugar que transmite a ideia de mistério e fertilidade.

 

A formadora conta que o processo de criação do espetáculo, na área de cenografia e figurino, era um projeto em dupla entre ela e Laura Carone, e que foi repleto de reviravoltas, assim como nas demais áreas. 

 

“Foi interessante, pois tivemos várias surpresas no caminho. Até uma semana antes da estreia no Sesc Vila Mariana, em julho do ano passado, não havíamos conseguido testar a cenografia com os atores. Foi quando, em um festival em Curitiba, na primeira vez em que aliamos esses elementos, a Laura percebeu que tínhamos exarcebado demais o lado feminino, prejudicando a ideia de libertação que pensávamos em transmitir. Foi preciso nos reunirmos e, em poucos dias, reestruturar tudo”, relembra.

 

Os figurinos também se utilizam, segundo Telumi, daquilo que chama de “cor de pardal”, como o marrom, o cinza e o verde, tons que remetem às visões da terra e da natureza. 

 

Sobre o êxito alcançado por “As Folhas do Cedro”, a cenógrafa e figurinista comenta que, em sua opinião, o conteúdo humano é uma das maiores virtudes da peça. “O reconhecimento da delicadeza humana, esse lado positivo do feminino, que pode ser vivenciado e alimentado como um benefício, é algo muito bonito. Discutir as relações humanas é complicado atualmente, as pessoas têm muito medo de sentimentos, então, transbordar esse sentimento de beleza interna é essencial para todos nós. Fico feliz quando as pessoas são capazes de captar essa sensação”, finaliza.

 

 

Serviço

“As Folhas do Cedro”

Quando: Quarta (28) e quinta (29), às 21h

Onde: Teatro Augusta

Rua Augusta, 943 – Consolação

Tel.: (11) 3151-4141

Ingressos: R$ 30

 

 

Texto: Felipe Del

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