Tive a chance de atuar em três textos de Mário Viana: “Vamos?”, “Dois Pra Lá, Dois Pra Cá” e “O Pior de São Paulo”.
Sorte a minha que pude conviver com seu bom humor, despretensão, inteligência e enorme agilidade mental para pensar comédia com lastro de realidade e humanidade imenso.
Mário é extremamente generoso, permitindo espaço para o improviso dos atores e se divertindo com a participação do público.
Por várias vezes, o vi rindo conosco dentro do ônibus em “O Pior de São Paulo”, onde juntos subvertemos o espaço cívico, transformando a rua em lugar de discussão e provocação por meio do humor.
Com o Mário, vi que o humor é transformador, devastador e de suma importância na sociedade em que vivemos. E me vi emocionada ao ver, como nunca antes, que se dermos o gancho ao público, ele mesmo cria o bordão.
Como esquecer as sessões de descarrego de carteira na porta de Igreja Evangélica, o churrasquinho de gato na porta do Fasano ou o zoológico de ricos na Rua Oscar Freire, em pleno sábado à tarde?
Acho corajoso um jornalista da sua formação e conteúdo assumir o humor e nele ficar de peito aberto; quem se dedica ao humor sabe que vai encarar ser subestimado pelos artistas que acham que fazer comédia é coisa de gente que “não é séria”.
Mas, seguindo a tradição de Walt Disney, que dizia: “Não tento entreter os críticos. Prefiro me arriscar com o público”, Mário se atira sem medo e sem vergonha nessa guerra. E eu tenho orgulho em dizer que fico com Mário nas trincheiras sempre que ele quiser.
Veja o verbete de Rachel Ripani e Mário Viana na Teatropédia.
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