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Maria Casadevall escreve sobre Phedra D. Córdoba

Publicado em: 12/04/2016 |

A pedido da SP Escola de Teatro, a atriz Maria Casadevall escreveu um texto sobre sua amiga, a também atriz Phedra de Córdoba. Companheira de Maria na companhia teatral Os Satyros, Phedra morreu no último sábado (9), em decorrência de um câncer. A cubana completaria 78 anos no dia 26 de maio.

 

Phedra nasceu em Havana, em 1938, como Felipe Rodolfo Acebal. Ao completar 16 anos, saiu de Cuba e passou por vários países, até chegar ao Brasil, a convite do produtor Walter Pinto. Anos depois, mudou-se para São Paulo e virou um ícone da noite paulistana. Tornou-se, ainda, uma grande figura do teatro brasileiro. Phedra integrava o elenco de “Pessoas Sublimes”, mais recente espetáculo d’Os Satyros.

 

Leia, a seguir, o texto emocionado de Maria Casadevall.

 

O TRANS(e) do Amor.

 

A Tua Ausência conseguiu o inimaginável: 
tornou-se tão imperativa, ou mais, quanto a tua Presença.

 

Tu estás na Praça inteira, dos bares aos Palcos.
Está no La Barca e no Céu.
Dia e Noite.
Pertence a ti o espaço e pertencemos todos nós a você.

 

 

É cedo demais para enumerar lembranças e encontrar palavras:
Tudo paira. 
Teus olhinhos eloquentes e mãos bailarinas é o que menos consigo esquecer durante os dias que, mesmo diante da Morte, renascem imponentes abreviando os rituais da despedida.
Sigo ainda aos tropeços, relembro da tua alegria ao me ver e tua paixão pelo meu sobrenome.
Relembro:

 

tuas mãos que me causaram fascínio.
tua trajetória que me inspirou reverência.
tua irreverência que me provocava o riso.
tua imponência que me despertava o assombro.
tua vaidade que me causava impaciência.
Tua Voz.

 

Você teve o dom de TRANS-figurar: 
O Corpo, para que sobre ele prevalecesse as formas da tua alma. 
A Realidade, para que a versão dos fatos fosse menos cruel e mais doce, com os outros e com você mesma.
Era impressionante seu conhecimento e capacidade de imaginação.
Incompreendida, Maldita (como fizera questão de deixar claro na escolha do nome) e Fenomenal.
Colibri, Jatobá e Loba.
Transuniversal.
Diva Automática.
Santa ao contrário.

 

PHEDRA!
PHEDRA!
PHEDRA!

 

Que teu nome, assim como o da Deusa Mitológica, seja ouvido nas Montanhas e pelas ruas, nos palcos, que ele esteja nas frases dos inconformados, que ele continue TRANSformando o mundo e os seres, assim como fez comigo e com tantos outros. 
Você é uma experiência (transformadora) de vida.

 

Atravessei contigo até onde pude, você seguiu, destemida como sempre.
Eu permaneci, pequenina e triste.
Mas o meu choro se transformará em Coragem.
O mundo Pós-Phedra é desafiador, leal e sem medidas. Esse é o mundo em que permaneço viva.
Que venha qualquer embate, você agora mora dentro de mim: Mulher, Cigana, Homem, Bicho, Criança e Fortaleza.

 

Jamais esquecerei como é ser amada por você.
Sigo metamorfose ambulante porque mora dentro de mim um anjo que vive do jeito que o diabo gosta
(só roubando trechinhos para lhe escrever à altura)

 

Yo Te Quiero Mucho y Siempre, Amada Niña.
com todo amor,
Maria Casadevall.
(Casadevall)
(Casadevall)




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