Luis Melo é, por excelência e vocação, um homem de teatro. Um artista permeável, que se deixa atravessar pela radicalidade da experiência humana e dos cruzamentos entre as artes. É um mestre. Um ator que afirma e reinaugura a ideia do teatro a cada vez que entra numa sala de ensaio ou ocupa o espaço da cena.
Sua generosidade e entrega num processo criativo é inesquecível e determinante na construção de uma obra de arte. Sua obra é contínua e se manifesta em tudo o que faz, seja na criação de um personagem, na observação aguda de tudo que o cerca, na construção de sua presença singular e potente em cena, no cultivo e relação íntima com todos os campos da arte.
Melo é amante e profundo conhecedor das artes visuais, por exemplo. Isso, apenas para citar um de seus múltiplos interesses e fontes de pesquisa e prazer. Eu tive a sorte de, muito cedo, ter sido convidado por ele para uma experiência no teatro. Elaboramos juntos um projeto sobre a obra do Tchecov e criamos um peça chamada “Daqui a Duzentos Anos”.
A partir daí, nasceu uma parceria e uma amizade para sempre. Ser contemporâneo do Melo e ter a sorte de compartilhar com ele um caminho na arte é das coisas mais caras na minha vida. É claro que não cabe nessas poucas linhas nem uma ínfima parte de ”O que eu Gostaria de Dizer” (título de outra peça que criamos juntos) e da minha emoção. Mas deixo aqui essas sinceras palavras sobre um grande artista brasileiro.
Veja os verbetes de Marcio Abreu e Luis Melo na Teatropédia.
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