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Lélia Abramo por Antonio Leão da Silva Neto

Publicado em: 07/02/2013 |

Nesta sexta-feira (8), Lélia Abramo, uma das maiores damas do teatro brasileiro, completaria 102 anos de idade. Ao lado de Cacilda Becker, Fernanda Montenegro e Bibi Ferreira, forma o que pode ser chamado de quarteto de ouro dos palcos nacionais. 
 
Filha de imigrantes italianos, ela trouxe no sangue o engajamento político de seus antepassados. Aliás, durante o período em que viveu na Itália, de 1938 a 1950, ela se envolveu em movimentos contra o governo fascista de Benito Mussolini. Passados os anos e de volta ao Brasil, tornou-se uma das fundadoras do PT – Partido dos Trabalhadores, tendo assinado sua fundação com Mário Pedrosa, Manuel da Conceição, Sérgio Buarque de Holanda, Moacir Gadotti e Apolônio de Carvalho. Em 1978, torna-se presidente do Sindicado dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado de São Paulo.
 
Em 2004, morre, no dia 9 de abril, aos 93 anos, vítima de uma embolia pulmonar.
 
A seguir, reproduzimos o verbete criado pelo escritor Antonio Leão da Silva Neto para o livro “Astros e Estrelas do Cinema Brasileiro”, da Coleção Aplauso, lançada pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo (para ler o livro, na íntegra, clique aqui).
 
“Lélia Abramo nasceu na cidade de São Paulo, em 8 de fevereiro de 1911, filha de imigrantes italianos e irmã do artista plástico Lívio Abramo e dos jornalistas Athos, Fúlvio e Cláudio Abramo. Viveu na Itália entre 1938 e 1950, lutando contra o governo fascista de Benito Mussolini. De volta ao Brasil, participou dos primeiros momentos de fundação da Oposição de Esquerda no Brasil, sempre se assumindo como uma simpatizante do trotskismo junto com Mário Pedrosa. Foi militante e fundadora do PT. 
 
Participou de 27 telenovelas, 14 filmes e 23 peças de teatro. Sua estreia aconteceu, em 1958, na montagem de ‘Eles não Usam Black-Tie’, de Gianfrancesco Guarnieri, com direção de José Renato, que lhe rendeu os prêmios Saci, Associação Paulista de Críticos Teatrais (APCT) e Governador do Estado de melhor atriz coadjuvante.
 
Na sequência, atua em ‘Gente como a Gente’, de Roberto Freire, direção de Augusto Boal. Em 1960, faz o papel-título de ‘Mãe Coragem e Seus Filhos’, de Bertolt Brecht, com direção de Alberto D’Aversa. A partir de 1962, vai para o TBC (Teatro Brasileiro de Comédia), participando das montagens de ‘Yerma’, de Federico García Lorca, direção de Antunes Filho, ‘Os Ossos do Barão’, direção de Maurice Vaneau, em 1963, e ‘Vereda da Salvação’, ambas de Jorge Andrade, em 1964, sob a direção de Antunes Filho.
 
Entre as peças que tiveram destaque em sua carreira, estão: ‘Os Espectros’, de Henrik Ibsen, direção de Alberto D’Aversa, em 1965; ‘Lisístrata, A Greve do Sexo’, direção de Maurice Vaneau, em 1967; ‘Agamêmnon’, de Ésquilo, direção de Mariajosé de Carvalho, em 1968; ‘Ricardo III’, de William Shakespeare, na encenação de Antunes Filho, em 1975, e ‘Esperando Godot’, de Samuel Beckett, também direção de Antunes Filho, em 1976.
 
Durante anos, deixa os palcos para dedica-se à política. Volta à cena, em 1985, para protagonizar o espetáculo ‘A Mãe’, de Máximo Gorki, dirigido por João das Neves, em 1985, com alunos da Casa das Artes de Laranjeiras, CAL, no Rio de Janeiro.
 

No cinema, teve participações marcantes em ‘Vereda da Salvação’, 1963; ‘O Caso dos Irmãos Naves’, 1967; ‘Joana, a Francesa’, 1972, e ‘Eles Não Usam Black-Tie’, 1981, entre outros filmes. Na televisão, estreou em 1962, na transmissão ao vivo de ‘A Muralha’, na TV Cultura, em São Paulo, passando depois por diversas emissoras e participando de várias novelas.”



 

Texto: Majô Levenstein