Cássia Navas e João Silvério Trevisan foram os convidados de ontem na 3ª mesa do colóquio “O que É Pedagogia do Teatro?”, promovido pela SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, na Sede Roosevelt da Instituição.
O encontro, que teve mediação da Prof.ª Dr.ª Ingrid Dormien Koudela, livre-docente da ECA-USP e que também responde pela curadoria do evento, debateu o tema “Linguagens da Arte II”. O assunto foi abordado pelo ponto de vista da literatura, área que o escritor João Silvério Trevisan domina como poucos, e da dança, arte à qual Cássia Navas dedica-se há anos como pesquisadora.
Após uma breve explanação sobre os currículos dos participantes da mesa, foi dada a palavra a João Silvério Trevisan, que falou da necessidade da criação de escolas específicas para a formação de escritores. “A pedagogia literária no Brasil é desastrosa. Exemplos bons são raríssimos, com o da Faculdade de Letras da PUC-RS, sob responsabilidade do Prof. Luiz Antonio de Assis Brasil, que mantém, há 23 anos, uma Oficina de Criação Literária, em nível de extensão, e um curso de pós-graduação de Teoria da Literatura, destinado a qualificar alunos que tenham interesse em seguir a carreira de escritor. Na cabeça da maioria, porém, o escritor não precisa aprender. Escrever é simples, fácil. Qualquer um consegue”, alfinetou Trevisan.
Mas, para o autor, é urgente a criação de cursos específicos para a formação de escritores. “Os Estados Unidos são bons exemplos de como workshops conseguem formar mais de uma geração de escritores. Sinto falta de um projeto assim no Brasil. Eu mesmo já cansei de apresentar a proposta de uma escola formal de escritores, mas não consigo levar isso adiante. Nem na parte do poder público, nem na do privado”, diz Trevisan, que alerta: “Sempre digo aos alunos das minhas oficinas que não estou lá para dar a eles algo do tipo ‘dez passos para escrever corretamente’. Meu método é o de trazer à tona o potencial deles e trabalhar com isso. Fazer aflorar o que já está ali dentro deles”.
Depois, foi a vez de Cássia Navas falar dos processos que envolvem a formação de bailarinos/dançarinos. “Ao contrário dos escritores, os bailarinos não desenvolvem uma atividade solitária. Eles dependem do grupo no qual estão inseridos. Há a formação clássica, a chamada de corte, que respeita uma ordem piramidal. Há o rei e os cortesãos. O coreógrafo e os bailarinos, os quais expressam, por meio de seus corpos, o conteúdo que o coreógrafo quis transmitir com sua coreografia”, explicou Cássia, que passou a abordar uma breve história da dança, indo do balé clássico ao moderno, passando por Klauss Vianna e Holly Cavrell. “É muito interessante, por exemplo, assistir a uma aula da Holly na Unicamp. São espetaculares. Ela usa técnicas que remetem ao balé clássico, de corte, quando coloca os alunos para aquecimento na barra; às técnicas da Martha Graham, ao trabalhar com eles no chão, e ao balé moderno de Alvin Nikolai, quando eles passam a atuar em diagonais, em ângulos diversos”, exemplificou.
“Achei a mesa superinteressante, principalmente por explanar pedagogias de áreas tão distintas. Da minha parte, que é a Dramaturgia, acho muito válida a proposta do Trevisan de uma escola de literatura que potencialize talentos e nos tire dessa certa infantilidade em que nos encontramos na área da escrita”, observou, na plateia, Marici Salomão, coordenadora do curso de Dramaturgia da SP Escola de Teatro.
No próximo encontro, que acontecerá amanhã (18), das 12h30 às 14h30, o tema “Linguagens da Arte” será concluído com Veronica Veloso, Tonio Carvalho e Roberto Duarte. O colóquio segue no dia 28 de maio, das 19h às 21h, com a mesa “Pedagogia do Teatro + ou – Teatro”, com Florian Vassen, da Universidade de Hannover/Alemanha.
Serviço
Colóquio: “O que É Pedagogia do Teatro?”
Mesa 4: “Linguagens da Arte III”
Com Veronica Veloso, Tonio Carvalho e Roberto Duarte
Quando: Sábado (18), das 12h30 às 14h30
Mesa 5: “Pedagogia do Teatro + ou – Teatro”
Com Florian Vassen
Quando: Terça-feira (28), das 19h às 21h
Onde: SP Escola de Teatro – Sede Roosevelt
Praça Roosevelt, 210 – Consolação
Tel. (11) 3775-8600
Grátis
Texto: Majô Levenstein