
Foto: Sara York
A psicanalista e escritora Dra. Isildinha Baptista Nogueira, presidente do conselho administrativo da ADAAP (organização social gestora da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco), recebeu uma importante homenagem na última semana.
Isildinha foi a pensadora escolhida para ser homenageada durante o III Congresso Internacional Psicanálise & Filosofia, organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Psicanálise e Filosofia da Universidade Positivo, em Curitiba.
O tema do congresso, que aconteceu de 21 a 23 de agosto no Campus Ecoville da Universidade Positivo, foi “O psicanalista sob terror: política, racismo e sexualidades”. Assim, nada mais justa uma homenagem a Isildinha, reconhecida nacional e internacionalmente por seus estudos sobre racismo e por ser pioneira ao abordar com o instrumental psicanalítico tanto a dimensão sociocultural quanto a subjetiva da condição de negro no Brasil.
“Foi um congresso muito importante. Todos os convidados trouxeram o olhar decolonial para questões de raça, LGBTPNIA+ etc. Também discutimos uma psicanálise mais voltada para as instituições públicas e para o atendimento público, indo além da psicanálise restrita a uma elite”, conta Isildinha.
Sobre ser homenageada, ela conta: “Durante minha homenagem, quis falar de psicanalistas negras que passaram por um apagamento histórico no Brasil. Dediquei o prêmio a todas que me antecederam, como Virgínia Leone Bicudo, Lélia González e Neusa Santos Souza. Só sou o que sou hoje por conta delas que vieram antes de mim. Foi um momento de grande comoção”.
Isildinha Baptista Nogueira (1954) é mestre em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e doutora em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (USP). Fez sua formação nos Ateliers de Psychanalyse, em Paris, com Radmila Zygourys, uma das fundadoras da instituição. Ela é pioneira ao incluir a discussão do corpo no contexto da condição de mulher negra e brasileira.
Em 2022, foi indicada ao Prêmio Jabuti na categoria de não-ficção pelo livro “Cor do Inconsciente: Significações do Corpo Negro”. A obra expõe as raízes do racismo entranhado nas camadas sociais, inclusive adentrado em indivíduos que não se consideram racistas, a partir de um estudo do pensar em si mesma num contexto em que a cor de sua pele é alvo de discriminação.