O violoncelista Mastorna, que viaja de avião a caminho de uma apresentação da orquestra em que toca, é obrigado a fazer um pouso de emergência por conta de uma tempestade de neve e acaba em uma cidade desconhecida. A partir daí, a viagem segue por sua própria vida e quem o conduz são os moradores misteriosos dessa terra de sonhos.
Esse é o enredo de “Il Viaggio”, uma livre adaptação teatral da história “Il Viaggio di G. Mastorna”, de Federico Fellini, feita pelo dramaturgo Marcelo Rubens Paiva, a partir da concepção proposta pela atriz e produtora Helena Cerello. Quem assina a luz da montagem é Alessandra Domingues, artista residente do curso de Iluminação da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco.
O espetáculo, dirigido por Pedro Granato, traz cenas bufas, líricas, clownescas e técnicas de teatro físico, com referência visual à estética de Fellini. Através do humor, leva ao público a reflexão sobre o desejo de compreender os mistérios que rondam a natureza humana.
Para criar a luz da peça, Alessandra foi pesquisar as instalações e a iluminação dos filmes de Fellini: “Usei o cinema como pano de fundo e fui direto à fonte. Se eu fosse artista plástica, essa seria a minha preparação da tela. Nesse espetáculo, Fellini não é um objetivo, e sim um ponto de partida. Retrataremos o nosso olhar sobre a obra tendo-a como fonte de inspiração”, revela. O trabalho com a cenografia também foi intenso, como explica Alessandra: “Nos unimos para retratar a obra e passar uma mensagem. É sutil, mas quem assistir à peça se surpreenderá”.
Atores oriundos de diferentes grupos teatrais de São Paulo compõem o elenco que está, em sua maioria, ligado ao universo do humor e conta com nomes como os de Ed Moraes, Helena Cerello, Paula Flaiban e Paulo Federal, além de Bete Dorgam e Esio Magalhães, que ministram aulas como artistas convidados na SP Escola de Teatro. Sobre essa mescla de artistas, Alessandra declara: “A obra é bastante oxigenada e o próprio texto pedia essa integração. Não é à toa que todos são de grupos diferentes, mas não foi algo proposital. Acredito que essa experiência seja mais necessidade do que consciência”, diz.
Alessandra Domingues
Alessandra começou a trabalhar no Teatro Oficina Uzyna Uzona, em 1995, onde, em 1998, assinou sua primeira luz, na peça “Cacilda!”, de José Celso Martinez Corrêa. A iluminação recebeu o prêmio APCA e indicações aos prêmios Shell e Sharp de teatro. Também em 1998, fundou a Cia. Livre, onde até hoje desenvolve pesquisa sobre a cor-luz, a luz no tempo/espaço e o objeto-luz.
Desde 2004, cria as luzes da Cia. de Dança Discípulos do Ritmo. Em 2005, foi convidada para criar a luz de “Assombrações do Recife Velho” da companhia Os Fofos Encenam, com direção de Newton Moreno, espetáculo indicado ao prêmio Shell de melhor direção e melhor iluminação.
Em 2006, juntou-se ao grupo multimídia SDVila, coordenado pela artista Anna Barros, cujo foco é a pesquisa sobre arte e tecnologia. Em 2009, criou a luz para “Só”, de Letizia Russo e direção de Avise Camozzi, e estreiou “Raptada pelo Raio”, dramaturgia de Pedro Cesarino e direção de Cibele Forjaz. Paralelamente ao trabalho da Cia. Livre, Alessandra ilumina shows de músicos, como Elza Soares, José Miguel Wisnik, Ná Ozzetti, Marcelo Jeneci e Celso Sim.
Serviço
Il Viaggio
Quando: 11/5 a 10/6. Sextas, às 20h; sábados, às 19h; domingos e feriados, às 18h.
Onde: Sesc Bom Retiro
Alameda Nothmann, 185
Tel.: (11) 3332-3600
Texto: Gabriel Gilio