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Idealizadoras do “Metaxu em oito” reúnem seus diretores para debate

Publicado em: 23/07/2013 |

 

Na noite de ontem (22), alguns dos oito diretores que participam do projeto “Metaxu em oito”, mostra audiovisual inspirada pela filósofa e escritora francesa Simone Weil (1909-1943), que pode ser vista até 2 de agosto, na Sede Roosevelt da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, se reuniram com as idealizadoras do projeto, a atriz Helena Magon, a figurinista ítalo-lusitana Silvana Ivaldi e a atriz, roteirista e produtora Thais Simi, para contar como foi o processo criativo de suas produções.

“O projeto ‘Metaxu em oito’ nasceu diferente, não foi da maneira como ele se desenvolveu. Mas, desde o início, havíamos entrado em acordo sobre não ser nada biográfico, documental ou narrativo a respeito da vida da Simone Weil. Os diretores criaram seus vídeos a partir de textos dela, sem se prender a algo pré-estabelecido, linear”, explicou Helena.

Depois, Alex Sernambi, Kapel Furman, Luciano Maciel, Matheus Parizi e Maurício Paroni de Castro falaram sobre como conceberam suas obras. “Meu vídeo se chama ‘SW – Metaxu – Sequência 1’ e aborda um texto da Simone Weil que fala sobre a participação de enfermeiras nos momentos finais da vida de um soldado, durante a 1ª Guerra Mundial. Como elas detêm, nas mãos, o poder de dar esperança e vida a alguém que já não as tem mais. Gostei muito do trabalho porque me permitiu criar sem a obrigação de formato, de uma narrativa linear”, observou Furman.

“Participei de seis dos oito filmes da mostra. Um dirigi e nos outros atuei, fiz a fotografia ou assistência de câmera. Enfim, me diverti desde o começo”, brincou Luciano Maciel, que acabou incluindo um curta, no qual já trabalhava há três anos, na mostra. “Meu trabalho foi baseado em um capítulo do livro ‘As necessidades da alma’, no qual a Simone Weil diz que houve um erro na Revolução Francesa: o de se preocupar com os direitos humanos, em vez dos deveres do ser humano para com o outro. Ela cita o respeito que se deve ter com a colheita, pois seu produto vai alimentar várias pessoas. Por isso, não pode ser desperdiçada. E o interessante é que a própria Simone Weil morreu de desnutrição, devido a uma greve de fome que fez em prol dos soldados franceses, que lutavam na Segunda Guerra Mundial”, contou Matheus Parizi.

Para finalizar, Maurício Paroni de Castro falou da inusitada experiência de dirigir a filmagem do que seria seu próprio velório. “Parti de uma frase da Simone Weil: ‘Quando se morre, tudo vira luz’. Daí, resolvi juntar uma carta que escrevi para a posteridade, aos 41 anos, quando recebi o diagnóstico de um tumor. Achei que fosse morrer. Mas notei que o texto tinha uma pesada carga sexual . Decidi ir a um lugar de grande apelo erótico, com uma câmera, e inseri-la num glory hole, um buraco onde a pessoa coloca seu pênis e espera para ver o que acontece… A câmera fez as vezes de um pênis. Foi interessante”, contou Paroni, arrancando risadas da plateia.

E veio dele a proposta para um próximo endereço de exibição da mostra “Metaxu em oito”: “E se a gente usasse os muros do cemitério da Consolação para exibir os vídeos? Acho que seria interessante”. É esperar para ver…

Serviço
Instalação audiovisual: “Metaxu em oito”

Quando: Sessões de 16 de julho a 2 de agosto, de segunda a sexta, das 18h às 21h
Dia 30 de julho, palestra com Maria Clara Bingemer, às 19h30.
Onde: SP Escola de Teatro – Sede Roosevelt
Praça Roosevelt, 210 – Consolação
Tel. (11) 3775-8600
Entrada gratuita
 

 

Texto: Esther Chaya Levenstein