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I Encontro de Sonoplastia da SP Escola de Teatro

Publicado em: 17/11/2010 |

A profissão de um sonoplasta é multifacetada, abrange sonorização, pesquisa, seleção, montagem, ruidagem, repertório e muita leitura. Com tantas nuances, que palavra poderia ilustrar com clareza essa profissão? Com essa questão em pauta, grandes nomes da sonoplastia realizaram, no sábado (13), o I Encontro de Sonoplastia da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco.

 
Com um curioso e diversificado público, Raul Teixeira (coordenador do curso de Sonoplastia da SP Escola de Teatro, diretor artístico do Teatro do Colégio Santa Cruz e responsável pela implantação dos recursos audiovisuais de espaços culturais, como o Teatro Anhembi-Morumbi, o Teatro Ópera de Ponta Grossa e dos 21 CEU’s (Centro Educacional Unificado) da Prefeitura de São Paulo), Martin Eikmeier (formador da SP Escola de Teatro, músico e compositor da Cia. do Latão), Fábio Cintra (músico, compositor e professor do curso de Artes Cênicas da ECA), Eduardo Queiróz (músico e compositor), Ricardo Severo (músico e compositor) e Rafaella Uhiara (mestranda em teatro pela Sorbonne) se reuniram para discutir sobre os mais diversos temas que cercam a profissão do sonoplasta com a intenção de criar uma rede de contatos, trocas e memórias.
 
Para Raul Teixeira, mentor do Encontro, essa iniciativa, certamente, estabelece um importante passo na formação de novos profissionais. “É muito importante estabelecer uma visão crítica do trabalho do sonoplasta e ter contato com pensadores e executores de suas próprias ideias sonoras no teatro, na performance, na dança, no cinema, nas artes visuais, na televisão, no rádio e em outras várias instâncias contemporâneas que integram a criação e a produção sonora e musical”, explica.
 
 
Logo as 8h30 da manhã do sábado, quem abriu o Encontro foi a diretora Rafaela Uhiara que começou sua fala explicando a definição dos termos: Sonoplasta, Designer Sonoro, Diretor Musical e Perspectiva Histórica da Sonoplastia, ressaltando que, no exterior, é preciso montar uma frase para explicar o que é sonoplastia. “O curioso é que, quando comecei a estudar em Paris, percebi que não encontrava um termo para conversar com meus mestres sobre a sonoplastia. Foi então que minha orientadora pediu para eu fazer um artigo sobre o caso. Não há, de fato, na Europa, um termo que elucide, em apenas uma palavra, essa profissão tão múltipla.”
Em seguida, a sonoplastae diretora musical TunicaTeixeira iniciou demonstrando sua paixão por essa profissão. “Os deuses do teatro não gostam de microfone. A voz do ator tem que correr. A gente ouve o Paulo Autran até hoje”, brincou.
 
Para Tunica, o sonoplasta é quem mexe com som, costura mixagem e edição de acordo com a cena. E, para exercer essa profissão, no teatro tem que ser na raça, pois, a cada dia, a voz do ator tem uma altura e irradia o som de várias formas. “Para ser um bom sonoplasta é necessário ouvir e ver a cena durante a construção do processo de montagem e ensaio. Afinal, é durante o ensaio que o espetáculo se monta e tudo se constrói: cena, atuação, cenário, iluminação e, é claro, som. Tudo se comunica, tudo se integra e se complementa”, explicou.
 
Além do mediador Raul Teixeira, quem também integrou essa mesa foi a sonoplasta Ligia de Paula, que abordou a necessidade de se ouvir para entender, compreender para realizar e ser um criador sonoro sempre em evolução e em busca de um repertório amplo para praticar esse ofício.
 
Outros grandes sonoplastas participaram do evento como Fábio Cintra, Eduardo Queiroz, Martin Eikmeier e Ricardo Severo e abordaram temas como composição sonora, atualização tecnológica, dramaturgia sonora e as definições, conceitos e particularidades do discurso sonoro.
 
A atriz Daniela Nascimento e seu colega na Cia. da Corda Bamba de Teatro, Tom Rezende, vieram até a SP Escola de Teatro para participar do Encontro porque acreditam que esse tipo de iniciativa é sempre válido para quem estuda teatro. “Sou atriz, mas trabalho sempre no coletivo, afinal tudo é uma coisa só no teatro. Entender sobre o tema, para mim e para minha profissão, é fundamental”, explicou Daniela.
 
Paloma Elisa Cassiano, que é bailarina e aspirante a aprendiz do curso de Cenografia e Figurino da SP Escola de Teatro, trouxe seu tio, o maestro Sérgio Bizetti, para participar do Encontro. “Achei a proposta muito inusitada, algo que nunca presenciei antes. Esse tipo de encontro faz muita falta para quem trabalha na área. Acredito que estabelecer uma rede de contatos com os novos profissionais, além de pensar na formação e memória, é importantíssimo”, comentou Bizetti.
 
Músicos e cantores integrantes do Grupo Voz (www.grupovoz.com.br), também participaram do Encontro. Vieram em conjunto, para ouvir e discutir sobre esse tema ligado à música e à composição de trilha sonora.