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Grande Otelo, o grande nome do teatro negro

Publicado em: 02/03/2015 |

Considerado um dos maiores atores do século 20, não ficou conhecido por seu nome de batismo – Sebastião Bernardes de Souza Prata – mas sim pelo nome que ganhou no teatro de revista, nos anos 1930: Grande Otelo. O menino de Uberlândia, Minas Gerais, que nasceu em 18 de outubro de 1915 e fugiu de sua cidade natal aos 11 anos de idade, acompanhando um grupo de teatro mambembe, tornou-se um dos nomes mais importantes das artes brasileiras. Tanto como ator como compositor. É dele a música “Praça Onze”, composta com Herivelto Martins..

 

Entre 1938 e 1946, paralelamente a trabalhos na Rádio Nacional, Rádio Tupi e outras emissoras, foi contratado do antigo Cassino da Urca, onde realizou diferentes espetáculos, sempre com destaque. Foi lá, em 1939, que contracenou com a famosa atriz e dançarina norte-americana Josephine Baker, momento citado por ele como um dos mais importantes de sua carreira. .

 

No cinema, Grande Otelo foi uma das grandes estrelas da Atlântida, tendo protagonizado o primeiro grande sucesso da produtora, o filme “Moleque Tião” (1943), de José Carlos Burle. Também na Atlântida, formou, ao lado de Oscarito, a dupla mais famosa e bem sucedida do cinema brasileiro, que estrelou sucessos como “Este Mundo é um Pandeiro” (1946) de Watson Macedo, “Três Vagabundos” (1952) de José Carlos Burle, “A Dupla do Barulho” (1953) e “Matar ou Correr” (1954), de Carlos Manga. Em 1949, estrelou o filme “Também Somos Irmãos”, ao lado de Ruth de Souza, denunciando o racismo existente no Brasil e foi considerado o melhor filme brasileiro do ano pela crítica especializada, embora não tenha obtido sucesso de público..

 

Após deixar a Atlântida em 1955, ainda participaria de inúmeros filmes, com destaque para o clássico “Rio, Zona Norte” (1957), do cineasta Nelson Pereira dos Santos, considerado o filme que inaugurou o Cinema Novo. Outros grandes sucessos foram “Assalto ao Trem Pagador” (1962), de Roberto Farias, e “Macunaíma” (1969), adaptação da obra-prima de Mário de Andrade, dirigido por Joaquim de Andrade, e que lhe rendeu o prêmio de melhor ator do cinema brasileiro do ano. Também participou do inacabado “It´s all true” (1942), filmado no Brasil por Orson Welles, que o classificou como um dos maiores atores do mundo..

 

No teatro, entre 1946 até o final de sua carreira, brilhou em inúmeras peças e trabalhou com os mais diferentes diretores, como Walter Pinto, Juan Daniel, Carlos Machado, Geysa Bôscoli e Chico Anysio. Algumas de suas peças de bastante sucesso foram, entre muitas outras: “Um Milhão de Mulheres” (1947), “Muié Macho, Sim Sinhô” (1950), “Banzo aiê” (1956) e “O Homem de La Mancha” (1973)..

 

Na década de 1950, passou a atuar também na televisão em emissoras como a TV Tupi do Rio e Tv Rio. Em 1965, foi contratado pela Rede Globo, participando de inúmeras novelas e programas humorísticos. Em 1986 participou da novela “Sinhá Moça”, contracenando mais uma vez com a atriz e amiga Ruth de Souza.

 

No dia 26 de novembro de 1993, morreu de um ataque do coração fulminante, quando viajava para Paris para uma homenagem que receberia no Festival de Nantes..

 

Grande Otelo é uma das figuras de destaque no teatro, cinema e televisão brasileiros e faz parte do elenco de artistas que tem sua carreira registrada na Teatropédia – Enciclopédia Virtual das Artes do Palco, que já ultrapassou a marca dos 9.000 verbetes..

 

Texto: Carlos Hee