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Felipe Hirsch por
Jorge Emil

Publicado em: 30/08/2012 |

Fui dirigido por Felipe Hirsch em cinco espetáculos da Sutil Companhia de Teatro: “Educação Sentimental do Vampiro”, “Não Sobre o Amor”, “Avenida Dropsie”, “Temporada de Gripe” e “Rigoletto”. Participei também de “Insolação”, seu primeiro filme, feito em parceria com Daniela Thomas. Considero-me um privilegiado.

É curioso como ele controla todos os aspectos de suas produções, sem jamais parecer controlador. Antipaternalista, antiautoritário, propõe um trabalho intensamente colaborativo, no qual todos os envolvidos possam agir como autores. É a partir da cena que a cena se faz. O espaço para o intérprete é largo e confortável.

Com a inquietude própria dos grandes criadores, que o leva a uma permanente investigação da dramaturgia (contemporânea ou não) e da literatura e um faro para descobrir autores e textos que sejam significativos na atualidade, ele revelou nomes antes desconhecidos do público brasileiro, como, por exemplo, o formalista russo Viktor Chklóvski e o prodigioso dramaturgo americano Will Eno.

Como ele mesmo diz, é preciso borrar as fronteiras entre as artes, misturá-las. Seus espetáculos realizam essa fusão, com uma versatilidade que nos posiciona no presente e nos abre para possibilidades futuras. Uma das delícias de trabalhar com ele é poder usufruir de sua erudição pop e descobrir e redescobrir músicas incríveis, livros indispensáveis, filmes decisivos.

Discreto e econômico, é capaz de fornecer duas ou três indicações que iluminam o trabalho inteiro, como um mágico. Numa temporada carioca de “Não Sobre o Amor”, na qual substituí Leonardo Medeiros, comecei a me esmerar em excesso. Ele percebeu e disse simplesmente: “Mais sofrimento. Menos perfeição”.

Perfeito.