Manhã de sábado (2) e os aprendizes do Módulo Verde (período vespertino) da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco se reuniam na Sede Roosevelt da Instituição para acompanhar uma palestra com a atriz Mariana Lima e a atriz, tradutora e produtora Erica Migon. O tema do encontro era a obra do dramaturgo americano Nicky Silver, que norteia as ações artísticas e pedagógicas deste Módulo.
As artistas conversaram com os aprendizes durante duas horas (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
Ambas as artistas trabalharam na montagem de “Pterodátilos”, peça de Silver que estreou em São Paulo em 2010 e já se apresentou em vários Estados, com direção de Felipe Hirsch. Mariana integra o elenco, ao lado de Marco Nanini, Álamo Facó e Felipe Abib. Erica, por sua vez, assina, com sua irmã Úrsula Migon, a tradução do texto.
Mediada por Francisco Medeiros, coordenador do curso de Atuação da Escola, que apresentou as convidadas, falando sobre suas carreiras, a conversa teve início com Mariana comentando como surgiu o convite para interpretar a personagem Grace, a mãe de uma família decadente, e o desafio de aceitar o trabalho. “Tive de enfrentar o texto, já estavam ensaiando. Venho de experiências com ensaios longos. Com o Felipe, é diferente, é mais rápido, e ele gosta muito de conversar, discutir o texto e o pensamento do autor”, afirmou.
Sobre a peça em si, considerada por Mariana como dotada de um “humor virulento, ácido, com ‘tiros de comédia’”, as convidadas falaram um pouco sobre a concepção geral da montagem, com destaque para o cenário de Daniela Thomas, que se esfacela à medida que os conflitos e a desarmonia da família se intensificam.
A contemporaneidade do autor também foi discutida, após provocação de Medeiros, que perguntou “onde Nicky Silver se localiza no teatro de hoje?”. Erica respondeu: “Ele é de agora, contemporâneo, porque fala da gente, mas fala do exagero das coisas através de uma lente de aumento. E isso incomoda, mexe com as pessoas. Ainda acho que ele é mais realista do que absurdo”.
Ao responder às questões do público, as convidadas falaram, ainda, sobre o diálogo entre as áreas que compõem a encenação. Mariana entrou em detalhes sobre a construção da personagem e o trabalho de ator e Erica comentou a forma como traduziu o texto.
Ao final, Medeiros expôs sua visão sobre o encontro: “Essa manhã nos trouxe milhares de contribuições maravilhosas. Fica provado aqui, na trajetória da Mariana e da Erica, que não importa se aquilo é mais ou menos contemporâneo, ou se o processo de criação é diferente do que estamos acostumados. Essas duas artistas viveram diferentes vetores, mas igualmente produtivos”, concluiu.
As convidadas agradeceram a oportunidade e elogiaram o projeto da Instituição: “A ideia da Escola é genial, adoraria conhecer melhor. Meus parabéns ao Ivam Cabral (diretor executivo) e à Lucia Camargo (coordenadora de Extensão Cultural)”, disse Erica. Já Mariana comentou: “Foi muito bom ver a expressão dos aprendizes. Estava um pouco nervosa, pois não estou muito acostumada a fazer isso, mas aceitei o convite porque veio de uma Escola da qual gosto muito. Não existe outra como essa”.
A aprendiz de Atuação Olivia Vieira também gostou da palestra e saiu dizendo que levaria lições importantes do encontro. “O que mais me chamou a atenção foi a discussão sobre os processos criativos. Interessante ver como isso é pessoal e depende da oportunidade. Também me marcou notar a forma como a construção da personagem varia conforme o encontro com o grupo”, arrematou.
Texto: Felipe Del