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Entrevista com Djalma Júnior, um dos vencedores do Prêmio Solano Trindade 2023

Publicado em: 26/06/2024 | por: Guilherme Dearo

Djalma Júnior: dramaturgo foi um dos vencedores do Prêmio Solano Trindade 2023, da SP Escola de Teatro. | Divulgação/Comunicação Adaap

Djalma Júnior: dramaturgo foi um dos vencedores do Prêmio Solano Trindade 2023, da SP Escola de Teatro. | Divulgação/Comunicação Adaap

Em 25 de julho, às 19h, a SP Escola de Teatro e o Selo Lucias lançam a coletânea de três dramaturgias premiadas no Prêmio Solano Trindade 2023. O dramaturgo Djalma Júnior foi um dos vencedores dessa edição do prêmio, com a peça “A Goteira”.

No dia, o livro será distribuído gratuitamente ao público e também estará disponível para download na internet.

Também estão abertas até 23 de agosto as inscrições para a edição 2024 do prêmio. 

Leia a entrevista com Djalma Júnior:

Seu texto vencedor no prêmio de 2023 foi “A Goteira”. Pode nos contar um pouco sobre ele? O que os leitores podem esperar quando o livro sair em julho?

Gosto de falar que ele é um drama épico para uma história contada por duas colegas de trabalho em uma conversa de metrô. Através desta história, trago a reflexão da vida de um homem negro que supostamente fez tudo o que a sociedade esperava dele para ter sucesso e uma vida feliz. Depois do surgimento de uma goteira no banheiro, a história nos leva a uma jornada do autoconhecimento de um homem negro e gay, vista a partir do ponto vista dele.

Como foi o processo de escrita da peça?

Durante o processo de escrita, busquei a auto observação em relação ao mundo e à sociedade em que vivemos. Foi desafiador encarar minhas próprias histórias, sentimentos e usá-las como ferramentas para um texto, e encontrar um contexto e a relação entre as personagens tão singulares. Como é um trabalho de conclusão de curso, tive de apresentar e ler para os meus colegas de turma e professores, e isso facilitou muito o processo de entendimento da minha escrita.

Por que você optou pela literatura e pelo teatro? O que te move como artista?

A dramaturgia é minha nova profissão, pós 40 anos, além da arquitetura, design e educação universitária. Escrever me complementa. Posso entrar nas complexidades da existência do ser humano, e o que me motiva é saber que através da arte refletimos o presente, passado e o futuro.

Quais são as suas grandes inspirações dramatúrgicas, seja escritoras(es) do Brasil, de fora, do passado, do presente etc., e outras inspirações artísticas que agregam na sua literatura?

Nelson Rodrigues foi um dos meus primeiros contatos com dramaturgia. Samuel Beckett é uma grande referência de como escrever. Hoje tenho como inspiração Grace Passô, Lázaro Ramos, Aldri Anunciação e Rodrigo França. A literatura também é uma grande paixão, que nasceu através do romance “Dom Casmurro”. Sou fascinado também pelos poemas de Maya Angelou. E a música de Elis Regina e de Gal Costa fizeram muito parte da minha infância, assim como o samba de Almir Guineto. O mudo ágil, tecnológico, complexo e intrigante também é uma grande inspiração para mim.

Quais dicas você dá para outras escritoras e escritores negras e negros que desejam escrever novas peças e desejam participar do Prêmio Solano Trindade?

Se orgulhem da sua própria história. Acreditem em suas histórias. Contem e falem sobre suas histórias. Acredito que a maior ferramenta que podemos ter são os nossos recursos internos, do que vivemos e como vivemos. Leiam, estudem, procure cursos de dramaturgia e de literatura e se permitam conhecer novas pessoas e experiências – que talvez já tenham lhe dito que não eram possíveis.

+ Leia os livros com as dramaturgias premiadas em 2020, 2021 e 2022 na página do Selo Lucias

Sobre o Prêmio Solano Trindade

O Prêmio é uma homenagem ao poeta, dramaturgo e diretor pernambucano Solano Trindade (1908-1974). Arte-ativista das causas negras, Trindade foi o criador do Teatro Popular Brasileiro (TPB), grupo formado por operários, domésticas e estudantes e que tinha como inspiração algumas das principais manifestações culturais do país. Atuou também na dança, criando em meados dos anos 50 um grupo referencial: o Brasiliana, reconhecido no Brasil e em temporadas no exterior.




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