“Ne me quitte pas, Il faut oublier…”. Enquanto a lendária música composta em 1959 por Jacques Brel soa, um homem, vestindo terno azul e com os cabelos minuciosamente fixados com gel, ocupa o palco com microfone em mãos. Durante quase quatro minutos do número, que integra o espetáculo “Varekai”, do Cirque du Soleil, o humorista persegue o foco de luz, que insiste em fugir dele.
O autor deste número é Claudio Carneiro, ator, performer e comediante que, na última sexta-feira (7), esteve na Sede Brás da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco para um encontro com os aprendizes de Humor do Módulo Azul (período matutino).
Carneiro compartilhou um pouco de sua experiência com os aprendizes (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
Na aula, após participarem de um aquecimento proposto pelo convidado, os aprendizes tiveram a oportunidade de mostrar a ele algumas de suas criações e receber a devolutiva. “É muito importante que vocês recebam essa devolutiva e repensem suas cenas”, aconselhava Dani Biancardi, a formadora do curso, que acompanhava a turma.
“Estejam sempre ligados. Há números e ideias aparecendo o tempo inteiro. Observem o que os outros estão fazendo, as pessoas na rua, o que está acontecendo. Eu sugiro que vocês andem sempre com um caderno e uma caneta. Quanto mais se cria, mais ideias se tem”, disse Carneiro, após elogiar as propostas e apontar possíveis caminhos.
O artista ainda falou sobre o seu próprio processo de criação, dando ênfase ao número que acabou sendo comprado pelo Cirque du Soleil. Um de seus principais aprendizados, segundo ele, é acreditar em si mesmo. “Não se pode ter medo de falar o que pensa. É tudo um grande jogo, um blefe e eu sou uma grande farsa, desde os 20 anos de idade. Comecei a fazer mímica e mentir para mim mesmo, vender uma farsa. O que a gente faz não é neurocirurgia, não é algo concreto, precisamos saber nos vender”, afirmou.
No meio da aula, Carneiro também exibiu dois vídeos de humor: “Smith and Jones – Grave Sketch” e “The Mistake – 2012 Tropfest Finalist”.
Provavelmente, essa não foi a última vez que os aprendizes tiveram contato com Carneiro. Na aula, surgiu um convite e depois o “sim” para seu retorno, talvez em um período de Experimento ou em um Cabarezim, evento organizado pelos aprendizes de Humor.
Texto: Felipe Del