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Cultura em Produção

Publicado em: 04/06/2012 |

Na Mesa de Discussão que aconteceu no último sábado (2), na sede do Brás da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, Annelise Godoy, Odilon Wagner e Gisele Jordão falaram sobre “Produção Cultural para Grandes Eventos Não Culturais”.

A ideia de uma discussão acerca do tema veio do aprendiz do Módulo Azul do curso de Humor Fernando Carril. O interesse de Carril se justifica: ele faz parte da equipe de produção da Cia. Reprises e sente falta desse tipo de debate no meio teatral. “É necessário pensar em como potencializar e viabilizar a arte”, diz o aprendiz. “O difícil não é falar, é ser ouvido”, emenda.

Durante o debate, questões foram levantadas e pontos específicos foram colocados como necessidades primordiais. Após explanar sobre os conceitos de Indústrias Criativas e Marketing Cultural, Gisele Jordão deu início à discussão com a seguinte afirmação: “A cultura saiu do espontâneo e passou a ser mercado e, agora, tanto o artista quanto o produtor cultural precisam entender como trabalhar neste tempo atual, que tem a cultura como recurso político e socioeconômico”.

Tendo como base as Leis de Incentivo à Cultura, Annelise Godoy observou: “Falta profissionalização na área de produção. A ausência de conhecimento é triste. É necessário entender o sistema para poder melhor utilizá-lo e, também, criticá-lo, se preciso for”. Em comparação com outros países, Annelise acredita ser necessário que o povo se aproprie da cultura. “Nos Estados Unidos não existe um órgão como o Ministério da Cultura. Lá, a própria sociedade assume esse papel de investidor”, explica. “A grande diferença é que, nos países desenvolvidos, a cultura pertence a todos, já aqui não pertence a ninguém.”

 

Da esq. à dir.: Odilon Wagner, Annelise Godoy e Gisele Jordão (Foto: Gabriel Gilio)

Para Odilon Wagner, a questão também deve ser discutida entre os próprios artistas. Com foco em sua área, o teatro, o ator acredita ser primordial a união da classe. “O artista de artes cênicas precisa parar de dividir o teatro. Isso não existe na dança ou no cinema. E essa desunião é o que mais enfraquece a luta pela classe”, diz. Odilon entende que o governo precisa investir mais em cultura e lamenta a situação atual. “O grau de importância de cada setor da nação é avaliado pelo fator econômico de investimento; e a cultura ocupa a penúltima colocação neste espaço. Precisamos de uma gestão que entenda a arte como a área produtiva que ela é. Hoje em dia, o governo trata o artista como diletante. O ator é visto como aquele que ‘faz, pois ama’.”

Depois das declarações dos convidados, a discussão foi aberta para perguntas e os aprendizes puderam expor suas opiniões. Ao final, Carril, idealizador da Mesa, observou: “A intenção de trazer este assunto para a Escola é a de voltar o olhar para a viabilização, a produção para o público”. Quanto à participação dos convidados, Carril se mostrou impressionado: “Além da experiência e da prática, eles são atualizados e trataram muito bem o tema. Acredito que a discussão tenha complementado nossa formação e, com certeza, superado as expectativas”.
 

 

Texto: Gabriel Gilio

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