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Coordenadores e 30 estudantes integram equipe da ópera ‘Carmen’

Publicado em: 17/08/2018 |

JONAS LÍRIO

As primeiras reações à ópera “Carmen”, em 1875, deixavam bem claro: a protagonista que dá nome ao espetáculo não passava de uma mulher sedutora e sem moral, e a nova obra de Georges Bizet era uma afronta à sociedade francesa daquela época. Mais de 100 anos depois, no entanto, o espetáculo é visto de maneira completamente diferente: para muitos, é a primeira ópera feminista da história.

Uma das mais populares obras do universo operístico, “Carmen” ganha nova montagem no Brasil em agosto, no Teatro Bradesco, em Perdizes. Com seis récitas entre os dias 16 e 21, o espetáculo é executado pela Orquestra Acadêmica de São Paulo e pelo Coral da Cidade de São Paulo, sob o comando do maestro Luciano Camargo. Coordenadores, formadores e estudantes da SP Escola de Teatro estão envolvidos na produção.

Nova montagem de ‘Carmen’, de Georges Bizet, tem seis récitas no Teatro Bradesco em agosto. Foto: Divulgação

Três coordenadores da Instituição participam da montagem: Rodolfo García Vázquez assina a direção cênica; JC Serroni, a cenografia; e Guilherme Bonfanti, a iluminação. Entre os formadores, há Adriana Vaz, responsável pelo figurino, e Francisco Turbiani, como assistente e operador de iluminação. Mais de 30 estudantes da SP Escola de Teatro, entre atuais e egressos, também estão envolvidos no espetáculo, em áreas como figurino, técnicas de palco e assistência de direção.

“Sinto que é como uma extensão da sala de aula”, diz Bonfanti, coordenador do curso de Iluminação da Instituição. Para ele, a experiência mostra aos estudantes envolvidos na produção que, mesmo com anos de experiência, ele e os outros profissionais também passam por situações que os estudantes enfrentam desde o início da carreira, como limitação financeira e falta de tempo.

No caso específico da cenografia, JC Serroni, que coordena os cursos de Técnicas de Palco e Cenografia e Figurino da SP Escola de Teatro, aponta a dimensão do espetáculo (são mais de 200 figurinos e 180 pessoas no palco) como uma das principais preocupações na hora da criação e da produção. “São quatro atos com mudanças substanciais de cenários, tudo para ser feito em praticamente dois minutos,” explica.

Co-fundador da Cia. Os Satyros e coordenador do curso de Direção da SP Escola de Teatro, o diretor Rodolfo García Vázquez conta que buscou levar para a nova montagem da ópera um pouco de sua experiência em teatro contemporâneo. Segundo ele, a indicação do maestro Camargo, com quem Vázquez já havia trabalhado antes, foi para não se amarrar aos dogmas da encenação de ópera tradicional. “Trabalhamos com liberdade e uma enorme disponibilidade dos solistas e do coro, interessados em experimentar um novo jeito de fazer ópera.”

Interpretada por Denise de Freitas (16, 18 e 20/8) e Karina Demurova (17, 19, e 21/8), Carmen é uma cigana que, presa após uma briga no trabalho, convence o cabo Don José a deixá-la escapar. Além de sua independência, a morte da personagem pelas mãos de Don José – que não aceita ter sido trocado por outro homem – realça o caráter atual da obra, trazendo a questão do feminicídio para a ópera. “Ela era uma personagem polêmica para a época em que foi criada, mas mostra uma contemporaneidade muito grande,” afirma Vázquez.

Para todos os envolvidos na montagem, a experiência parece ter sido positiva. “Ter tanta gente reunida nos estimula a fazer um trabalho mais profundo e apaixonado, com aprendizado e ação artística andando juntos,” diz o diretor. É a primeira vez que os três coordenadores trabalham em conjunto. Para Serroni, o resultado pode ser visto não só no palco, mas na formação de todos os envolvidos. “Fiquei impressionado a capacidade e atenção de todos, dos colegas de trabalho aos estudantes,” resume.




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