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Clowns de Shakespeare e o Teatro de Rua

Publicado em: 28/05/2012 |

O grupo Clowns de Shakespeare veio à sede da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, no último sábado (26), para participar da Mesa de Discussão, promovida pela Extensão Cultural, na qual falaram sobre o coletivo e discutiram, ainda, sobre o Teatro de Grupo e de Rua. 

 

Com mediação do ator e diretor Esio Magalhães, o encontro foi permeado por questões não só teatrais, mas de curiosidades sobre a rotina da companhia, desde sua fundação, realizada pelo diretor artístico Fernando Yamamoto, que participou da conversa e esclareceu a maior parte das dúvidas do público. 

 

Além dele, estava o ator e diretor musical Marco França, os atores Camille Carvalho, Paula Queiroz, Renata Kaiser e César Ferrario e o produtor do grupo, Rafael Telles. Uma das questões discutidas na Mesa foi o trabalho do coletivo em “Sua Incelência Ricardo III”, peça encenada por Gabriel Villela.

 

“Fazendo uma analogia com o processo que vivemos no espetáculo ‘O Capitão e a Sereia’, trabalho anterior ao ‘Sua Incelência Ricardo III’, posso dizer que, no primeiro, éramos pincéis; no segundo, tintas. Viver esse processo com o Gabriel me fez descobrir o prazer em ser tinta também. E, indiscutivelmente, o Gabriel é um grande pintor”, conta França.

 

Para Yamamoto, o grande ponto a ser ressaltado é a mistura intrínseca do cômico com o trágico. “Não dá para separar a comédia da tragédia, e é isso que a gente vê claramente em ‘Sua Incelência Ricardo III’. A personagem principal – Ricardo – é extremamente cruel e consegue matar com um sorriso no rosto. Isso acaba mexendo com o conceito de moral das pessoas, porque você não sabe se gosta ou se odeia o assassino.”

 

Nos últimos 30 minutos de conversa, o mediador abriu espaço para as perguntas. A questão de mais interesse foi sobre o fato de o grupo não ser de origem do eixo Rio-São Paulo, e ter conseguido seu espaço na cena teatral brasileira. Com o intuito de não se restringir a respostas feitas, o diretor artístico do coletivo falou sobre solaridade. 

 

“Na Rússia, em época de inverno, só há quatro horas de sol por dia. Portanto, o restante desse período é reservado para ficar em casa e se dedicar aos estudos. Acho que dá para fazer uma associação com o Nordeste. Lá, não há muita diferença de tempo entre as estações do ano. O sol é implacável. Então, não existe uma divergência de comportamento e hábitos culturais da população. Além disso, não há oportunidade de os profissionais se aprimorarem na formação técnica. Dessa forma, acredito que a solaridade influencia muito nessa questão. Tudo o que o nordestino consegue, é na raça”, conclui Yamamoto.

 
 
 
Texto: Jéssika Lopes