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Célia Helena por Nydia Lícia

Publicado em: 15/11/2012 |

Célia Helena é um daqueles nomes que não se pode pronunciar sem, automaticamente, associá-lo ao ofício de ator. Não só pela trajetória da atriz que o carrega, mas também pela escola de teatro que ela fundou e que, até hoje, é administrada pela filha, Lígia Cortez, de seu casamento com o também ator Raul Cortez.

De fato, Célia Helena nos deixou um vasto legado, mas se foi cedo demais – aos 61 anos de idade, no dia 19 de março de 1997. Assim, a seção Bravíssimo desta semana rende sua homenagem à atriz, reproduzindo a introdução do livro “Célia Helena – Uma Atriz Visceral”, escrito pela também atriz Nydia Lícia para a Coleção Aplauso (para ler a obra, na íntegra, clique aqui).

“Celinha. Mocinha morena, magra, de olhos expressivos, no palco do TBC, num espetáculo do ‘Teatro das Segundas-feiras’.

Célia. Mulher jovem, cheia de uma força interior que, uma noite no Gigetto, sentou-se a meu lado e falou baixinho: ‘Vou ter um filho’. Que admiração senti por aquela atriz em início de carreira, tão corajosa, enfrentando a vida.

Célia Helena. A atriz consciente, de voz profunda, de grandes pausas cheias de intenções, cuja presença marcante atraía os olhares dos espectadores nos primeiros anos do Teatro Oficina.

Um dia, finalmente, trabalhamos juntas. Meses de camaradagem, compreensão e respeito mútuos. Uma amizade firme nascia entre nós.

Enfim, a realização de um sonho: a inauguração do seu Teatro. E, um dia, a notícia: Criei uma Escola para jovens.

Tempos depois, o convite: ‘Quer trabalhar conosco?’. A resposta só podia ser uma: ‘Claro que sim!’.

A convivência nos primeiros anos só fazia aumentar a admiração que já sentia por Célia. Por sua dedicação, pela doçura com que tratava todos, pela energia com que enfrentava os problemas do dia a dia.

E, ao seu lado, uma figura gentil, sempre presente, igualmente dedicada, a quem ela estava preparando para um dia tomar seu lugar: sua filha Lígia.

Flashes de uma vida inteira de trabalho e dedicação que produziram frutos: a Escola está aí, viva e pujante, dirigida por Lígia, sua filha e companheira. O exemplo de Célia, seu amor pelo trabalho, o desprendimento, a generosidade, a dedicação total, continuam intactos.

Assim como a saudade que todos nós sentimos dela.”