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Biblioteca SP: Saiba mais sobre a obra Torto Arado, livro nacional mais vendido em 2021 e que virará peça de teatro e série na HBO

Publicado em: 11/05/2022 |

Torto Arado, do escritor baiano Itamar Vieira Junior, se tornou um dos romances brasileiros mais famosos e aclamados pela crítica da atualidade. Em virtude do sucesso da obra, alguns diretores importantes no cenário nacional adquiriram os direitos de adaptação da obra, que já foi confirmada como peça de teatro e série na HBO.

No próximo dia 15 de junho, a obra ganha uma releitura teatral exclusiva pelas mãos da diretora Christiane Jatahy. Intitulada Depois do Silêncio, a peça estreia primeiro na Europa antes de ser apresentada no Brasil, isso porque a montagem conta com coprodutores europeus. Segundo a diretora, o espetáculo fará parte da sua trilogia de horror, que já possui as peças Entre Chien e Antes Que o Céu Caia, e todos os trabalhos buscam abordar o mesmo ponto de vista do poder, do colonizador e da elite.

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Além da produção teatral, Torto Arado também ganha uma versão em seriado que será dirigida pelo cineasta Heitor Dhalia. Com o projeto ainda em andamento, o diretor afirma que é possível que a trama seja desenvolvida em três temporadas, uma vez que o livro possui três atos. Apesar disso, ressalta que o romance oferece um mundo de possibilidades, o que abre precedentes para criação de novas proposições. Atualmente, a roteirista Luh Maza toma a frente da dramaturgia do projeto junto com três outras autoras, a previsão para o início das filmagens é de 2023 e a data de estreia ainda não foi divulgada.

Torto Arado é um sucesso de crítica e público e em 2021 foi o livro mais comprados do Brasil, com mais de 74 mil exemplares vendidos. Além disso, em 2020, o livro venceu o Prêmio Jabuti de Romance Literário. Na narrativa, o leitor acompanha a história das irmãs Bibiana e Belonísia nas profundezas do sertão nordestino.

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Nessa conjuntura, Flávia Araújo, assistente de Biblioteca da SP Escola de Teatro, preparou um resumo especial para explicar melhor o enredo para aqueles que ainda não estão familiarizados com a história!

Confira abaixo o texto na íntegra:

 Flávia Araújo – 2021

Resumo do livro:  Torto Arado de Itamar Vieira Junior, um escritor brasileiro, baiano de Salvador, graduado em Geografia pela  Universidade Federal da Bahia Campus Ondina e  ganhador do Prémio LeYa de 2018, do Prêmio Jabuti de 2020 e do Prêmio Oceanos de 2020.

Título: “Torto Arado”, foi escolhido a partir do Poema lírico Marilia de Dirceu, do poeta árcade Luso-brasileiro Tomás Antônio de Gonzaga, publicado em 1792, século XVIII entre 1756 e 1825.  O poeta foi um dos revoltosos da Inconfidência Mineira:

“… A devorante mão da negra morte/(…)lhe arranca os frios ossos/ferro do torto arado. ”

Arado:  É um instrumento de trabalho agrícola, podemos encontrar:

– Arado puxado por animais, força animal.

– Arado monitorado com discos rotativos.

Tordo: Seria o material de trabalho já desgastado, que se deformou com o tempo (amassado).

O livro pode ser considerado político, relata: Terras (difícil vida no campo e moradia), religião (Umbanda, Catolicismo e Espiritismo), trabalho (Exploração de mão de obra)

Partes do livro:

1 ª – Fio de corte – Bibiana – tem uma visão de consciência política.

2ª – Torto Arado – Bibiana e Belonisia.

3ª – Rio de Sangue –  Desfecho do romance – narrada por uma entidade, o líder Jerê.

A história fala das terras e de trabalhadores rurais, em especial das difíceis vidas no Sertão do interior do país, Chapada Diamantina na Bahia. Ambientada na fictícia Água Negra, uma região de estiagem e seca, fabula sobre uma comunidade Quilombola, onde mostra gerações de uma família, na qual quase todos são negros descendentes de escravizados, que buscam trabalhos em fazendas até conseguirem assento.

Já na fazenda, logram moradia e ali residem, porém, não podem construir casas de alvenaria, somente tem direito de construir casebres de barro com telhado de junco. Por isso, vivem em uma situação muito precária, em troca de moradia plantam e cultivam: abobora, feijão e batata, para seu consumo e ganhavam algum dinheiro quando – os vendiam na feira, isso, quando não estivesse plantando e colhendo cana-de -açúcar e arroz nas terras e do patrão, sem renumeração, explorados e muitas vezes, agredidos por terem aquele chão para morar, refletidos em injustiça e desigualdade, praticamente em condições análogas à escravidão.

(Narra a vida dos trabalhadores rurais de Água Negra, uma fazenda na região da Chapada Diamantina, interior da Bahia. Os trabalhadores de Água Negra não recebiam salário para arar a terra, apenas morada, direito de construir casebres de paredes de barro e telhado de junco e não alvenaria.

Cultivam a roças, ganhavam dinheiro quando vendiam na feira a abóbora, o feijão e a batata que cultivavam no quintal ou quando conseguiam a aposentadoria rural. Eram quase todos negros, descendentes dos escravizados libertos havia poucas décadas.

A primeira parte de Torto Arado é narrada por Bibiana; a segunda, por sua irmã, Belonísia. As duas são filhas de Zeca Chapéu Grande, um dos trabalhadores de Água Negra e líder do jarê, religião afro-brasileira praticada na região da Chapada Diamantina, influenciada pela umbanda, pelo espiritismo e pelo catolicismo.  Além de comandar as “brincadeiras de jarê” e curar corpos doentes e espíritos perturbados, Zeca Chapéu Grande fazia as vezes de líder político, de pelego, a apaziguar os conflitos entre trabalhadores que achavam que a terra era de quem nela trabalhava. A terceira e última parte do romance é narrada por uma entidade do jarê.

No primeiro capítulo, Bibiana e Belonísia, ainda meninas, brincam com uma faca que a avó mantinha escondida, e uma delas acaba decepando a própria língua. A garota fica muda e a outra se torna sua voz, interpretando seus grunhidos e gestos. Ao longo da vida, as duas irmãs têm uma relação conflituosa uma com a outra e com o pai também.




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