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Bauhaus e o Teatro

Publicado em: 10/02/2011 |

Em mais um colóquio oferecido pela SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, coordenadores e formadores dos Cursos Regulares e o arquiteto e iluminador Roberto Mello debateram, ontem (9/2) o tema “Bauhaus e o Teatro”.
 

Com experiência de 30 anos trabalhando no teatro Ventoforte e colaborando com vários projetos de educação na periferia, Mello abordou o momento social e histórico da fundação da Bauhaus, suas fases e influências no teatro e na educação.
 

O encontro foi marcado pela participação de todos os presentes na confecção de objetos com papéis, uma alusão à forma de aprendizado da escola alemã. “Propus a interatividade para percebermos o espírito da Bauhaus”, disse Mello durante o evento.
 

Criada em 1919, após a Revolução Russa e o fim da Primeira Guerra Mundial, a escola de arte e arquitetura surgia em um momento de oposição entre indústria e a arte. “Se buscava uma solução para as distâncias, por exemplo, entre o homem e a indústria”, relata o iluminador.
 

Walter Gropius, fundador da instituição, montou uma estratégia de ensino. Sob forte influência mística indiana, ele, por ser vegetariano, proibiu os alunos de comerem carne. Os cursos tinham duração de dois anos e professores e alunos moravam na escola.
 

A arquitetura, segundo Mello, era o ápice da Bauhaus, porém também havia cursos voltados às artes cênicas. A dramaturgia não era valorizada, pois o que se vangloriava eram as pesquisas em cima dos movimentos. “A intenção era descobrir sons, cores, figurinos e espaços. Se permitia todo o tipo de material para a criação”, explica Mello.
 

Para J. C. Serroni, coordenador dos cursos de Cenografia e Figurino e Técnicas de Palco, o teatro da Bauhaus não se preocupava com a dramaturgia. “Havia uma aproximação com a performance. O que importava era a ação”, afirmou Serroni no colóquio.
 

Durante o encontro, em fotografias e obras de Vassily Kandinski e Lazló Moholy Nagy, foram expostas as fases do expressionismo e construtivismo, movimentos fortes no período.
 

Com um método inovador para época, a instituição alemã passou a incomodar o governo nazista, que a considerava um antro de socialistas. A escola, após algumas mudanças, da República de Weimar para Dessau e, tempos depois, para Berlim, foi ocupada pelo Partido Nacional Socialista e encerrou por ali seus trabalhos em 1933.Para Mello, Bauhaus é uma ideia que deveria percorrer o tempo e suas bases podem colaborar em métodos de ensino até hoje
 

Os colóquios continuam até sexta-feira (18/02) e contarão ainda com nomes como Lucio Agra, professor, poeta e performer, que falará sobre a performatividade, e Elena Vassina, pesquisadora e professora russa, que abordará a obra do dramaturgo Anton Tchecov.