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Banquete Popular

Publicado em: 23/11/2010 |

Um clima de expectativa e despedida rondou a última apresentação do Experimento. A rua no bairro da Zona Leste da capital paulista, onde se situa a Escola de Samba da Mocidade da Mooca, transbordava de espectadores à espera do início do espetáculo “O Rei da Vela”, no último sábado (20).
 
O calor era intenso e, para refrescar, os atores interagiam oferecendo uma bebida e convidando o público para dançar e cantar junto ao coro. Assim, teve início o espetáculo que fechou a programação de apresentações do Experimento: “O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade.
 
Em meio a esse entusiasmo, aparece o primeiro narrador dessa história, um sujeito que exibia gestos e modo de falar mórbido, e que trouxe em sua bagagem uma obstinação excessiva. Na sequência, essa personagem leva o público para dentro da Escola de Samba, local onde os espectadores vão assistir ao desenrolar desse romance subvertido, escrito por um dos expoentes do modernismo.
 
Durante a festa de casamento de Abelardo e Heloísa, personagens principais do texto, a chuva de arroz e o compasso dos atores levam o público a se acomodar na quadra.
 
Em seguida, uma dança de tambores cheia de ritmo revela outro narrador que, sentado em um vaso sanitário, apresenta Abelardo, um agiota que sempre obtém lucros e vantagens à custa de outros.
 
Adereços altos enfeitados com muitas fitas e cores delimitavam uma passagem na qual o público e o elenco se cruzava e se intercalava. Entram em cena milionários decadentes, filhos depravados e capitalistas corruptos que revelam as tramas dessa peça.
 
Cena a cena, o público foi direcionado ao mezanino da Escola de Samba, de onde assiste à morte de Abelardo. No mesmo local é também vista uma das cenas mais audaciosas do espetáculo, o nascimento do filho de Abelardo e Heloísa: um pequeno porco que chorava como um bebê durante seu nascimento. Assim, esse manifesto cômico, considerado o primeiro texto modernista para o teatro, recebeu uma adaptação carnavalesca.
 
Após o nascimento do porco, no desfecho do espetáculo, o público foi convidado a confraternizar com os atores e os integrantes da escola de samba, em uma festa regada a muita feijoada e samba.