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Atrações exclusivas marcam o segundo dia da programação de lançamento da SP Escola de Teatro

Publicado em: 01/01/2010 |

Foi marcado por recordações históricas e discussões calorosas sobre o processo teatral e suas diferentes áreas de saber, o segundo dia da programação de lançamento da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco.
O coordenador do curso de Sonoplastia, Raul Teixeira, apresentou a conferência com Tunica Teixeira, referência em sua área, com renomados trabalhos realizados na Escola de Arte Dramática (EAD). A sonoplasta também trabalhou com o diretor Emílio Di Biasi, com Antunes Filho e o coreógrafo Ivaldo Bertazzo.
O coordenador do curso de Direção da SP Escola de Teatro, Hugo Possolo, apresentou a conferência com Emílio Di Biasi, autor e ator e diretor de teatro e televisão.
Figura de destaque no cenário teatral brasileiro, Di Biasi é reconhecido por montagens antológicas como “A Vida de Carlos e Carlos”, de 1987. Peça estruturada com base teórica no trabalho do encenador norte-americano Bob Wilson, que cunhou o termo teatro pós-dramático e que possui uma das mais singulares encenações do mundo.
A inspiração ocorreu muitos anos depois que Di Biasi assistiu “The Life and Times of Dave Clark”, primeira montagem de Bob Wilson apresentada no Brasil, em 1974, no Teatro Municipal. Recentemente, o encenador trouxe ao País o espetáculo “Quartett”, com Isabelle Huppert no elenco.
Durante sua conferência, Emílio relembrou a importância histórica do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e a fundação do grupo Decisão, ao lado de Abujamra e Antônio Ghigonetto. O artista também se emocionou ao lembrar as dificuldades que enfrentou na época da ditadura.
Ensaio Aberto
O ator Eduardo Okamoto fez uma demonstração de todo o processo que envolve a execução dos seus espetáculos. “Trabalho com uma dramaturgia que vem de um corpo dentro do espaço. Só depois que trabalho o corpo é que insiro a palavra no processo”, disse o ator.
Okamoto realiza seus trabalhos em três etapas. Primeiro, através de exercícios corporais, segundo, coletando materiais do cotidiano e, por último, formulando cenas de um possível espetáculo. “Meu último trabalho, ‘Eldorado’, demorou três anos para ser concluído, porque depois de todo o processo de pesquisa, convidei um dramaturgo para dar sentido ao material coletado”, relata.
Segundo Okamoto, o processo é o pilar mais importante. “Para o espetáculo, não interessa os exercícios que tanto pesquiso, mas aquilo que aprendo ao tentar fazê-los”, disse.
Mãos na massa
O coordenador do curso de Técnicas de Palco, J.C. Serroni, apresentou a última conferência do dia com o cenógrafo, figurinista e arquiteto Raul Belém Machado, diretor artístico do Palácio das Artes da Fundaçao Clóvis Salvado, em Belo Horizonte.
O cenógrafo disse que é preciso colocar as mãos na massa no teatro e elencou alguns conhecimentos fundamentais para se tornar um bom técnico de palco: conhecimento em artes plásticas, acústica, arquitetura, arquitetura de interiores, cenografia, cenotécnica, som, luz, desenho, engenharia, elétrica, eletrônica, física aplicada, mecânica, resistência de materiais, nomenclatura, maquiagem, figurino além do conhecimento profundo do texto do espetáculo.
Raul Belém Machado também ressaltou a importância de lembrarmos que o teatro é feito em equipe. Quanto mais a equipe for bem preparada, melhor será o espetáculo. “A atriz está lá no palco brilhando. Mas existem outras estrelas atrás dos palcos que fazem uma apresentação ter a magia que ela tem”, ressaltou.