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Aprendiz em Foco | Carol Guimaris

Publicado em: 04/03/2013 |

“Olha pro céu, meu amor / Vê como ele está lindo / Olha praquele balão multicor / Como no céu vai sumindo / Foi numa noite, igual a esta / Que tu me deste o teu coração / O céu estava assim em festa / Pois era noite de São João / Havia balões no ar / Xote, baião no salão / E no terreiro / O teu olhar, que incendiou meu coração.”

 

Essa música, dentre tantas outras de Luiz Gonzaga, é tocada enquanto o público vai chegando para dançar com os atores da Cia. Teatro da Investigação (CTI), na peça-baile “A Casa de Farinha do Gonzagão”, criada como homenagem ao centenário do Rei do Baião, comemorado em dezembro de 2012.

 

Na encenação, as personagens das músicas de Gonzagão são transportadas para uma casa de farinha onde, para passar o tempo, contam seus “causos”. 

 

Uma das grandes responsáveis por dar vida às músicas é Carol Guimaris, aprendiz de Direção da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco. Ela assina a direção musical do espetáculo, que tem direção e dramaturgia de Edu Brisa, ex-aprendiz do mesmo curso e fundador, diretor e dramaturgo da CTI, grupo que celebra uma década de existência neste ano.

 

“O processo de direção musical surge da sonoplastia, que foi criada a partir dos ruídos das casas de farinha do Nordeste. Tem sido uma experiência bem interessante, pois é um espetáculo dançante e o envolvimento com o público é muito produtivo. Também existe uma identificação do público, por conta das músicas, que é potente”, afirma Carol.

 

Participam do projeto, ainda, outros artistas que estudam ou já estudaram na Escola: Natália Baviera, no elenco; Camila Borges, Danuza Novaes e Mariana Paudarco atuam na sonoplastia, formando a banda que toca, ao vivo, o extenso cancioneiro do compositor.

 

O grupo já fez cerca de dez apresentações da montagem, levando a homenagem a Luiz Gonzaga a diversos lugares. “A ideia é fazer em qualquer tipo de espaço: já fizemos na rua, na Tenda da Lapa, em Franco da Rocha, no Metrô Paraíso e Itaquera. Isso é bom, pois estamos em um processo de pesquisa contínuo e temos várias possibilidades”, comenta Carol.

 

Trajetória

“A Casa de Farinha do Gonzagão” é apenas o mais recente trabalho de Carol Guimaris. Aos 33 anos, ela acumula experiências no teatro, música e até em psicologia.

 

Tudo começou muito cedo, em Araraquara. Desde pequena, no ensino fundamental, sentia grande interesse e queria participar das montagens teatrais realizadas na escola. Depois, ainda fez um curso no Sesi e, quando deu por si, “já estava totalmente envolvida com aquilo”.

 

Em sua cidade natal, trabalhou por dez anos com a Troup dos Trucks e Tramas, desempenhando a função de atriz e, como é comum em companhias pequenas, fazendo “de tudo um pouco”. Formada em Psicologia, ainda exerceu a profissão, atendendo em clínica por alguns anos.

 

Dentro da área artística, dedicou-se, entre 2006 e 2009, a uma banda de música popular voltada para o samba, chamada Cambaio, na qual tocava saxofone e flauta. Durante esse tempo, ficou afastada do teatro – o mais longo período em que isso aconteceu. 

 

 

O saxofone é uma das paixões da aprendiz (Foto: Acervo pessoal)

 

 

Com 31 anos e uma grande vontade de se aprofundar nos estudos teatrais, deixou Araraquara e veio para São Paulo. No ano seguinte, ingressou no curso de Sonoplastia da SP Escola de Teatro.

 

Na terra da garoa, também retomou um projeto que iniciara há anos, o espetáculo “Rosa das Angústias”, apresentado na Escola, no final de 2011. “Foi minha primeira experiência com direção e o impulso definitivo para que eu trocasse de curso, pois pude entender a visão do encenador.”

 

Ainda que a música fosse “um importante instrumento de trabalho”, do qual Carol não conseguia se desvincular, a mudança de curso ocorreu no segundo semestre do ano passado. “A direção é onde consigo colocar todas minhas visões. O curso oferece caminho para entender a função do encenador e dos outros profissionais e nos prepara para organizar isso até alcançar um resultado favorável”, diz.

 

Se era isso o que a aprendiz queria e quer, oportunidades não faltaram nem estão faltando. Em 2012, fez a assistência de direção da leitura dramática do texto “Metaplágio”, de Leandro Doregon, pelo SP Dramaturgias. O outro projeto em que se envolveu, desta vez como diretora, foi o espetáculo “Balada do Louco”, do mesmo autor, também apresentado na Instituição. “Foi bem enriquecedor, pois tivemos um público maior e, como o texto já veio pronto, foi interessante colocar em prática um pouco do que estava estudando em sala de aula”, lembra.

 

Para não ser acusada de abandonar sua antiga área, antes de assinar a direção musical de “A Casa de Farinha do Gonzagão”, a aprendiz ainda fez a sonoplastia de “Realismo – O Reality Show”, peça que integrou a programação do festival Satyrianas 2012. 

 

Seja tocando música, atuando, fazendo sonoplastia ou dirigindo – de preferência –, Carol espera continuar construindo diariamente seu sonho de manifestar as suas questões, desde que nunca se afaste da arte.

 

 

Texto: Felipe Del

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