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Ailton Krenak e Andreia Duarte promovem lançamento da primeira plataforma digital de teatro brasileira relacionada ao mundo indígena

Publicado em: 30/11/2021 |

Na última sexta (26 de novembro), foi ao ar o site da primeira plataforma digital de teatro relacionada ao mundo indígena do Brasil. O projeto têm a função de valorizar obras produzidas por indígenas e não indígenas, reconhecendo nesses trabalhos estéticas e conexões que ampliam a percepção sobre a existência na Terra, e entendendo a arte, especificamente o teatro, como espaço de potência, criação e reinvenção da própria vida. A TePI – Teatro e os Povos Indígenas teve curadoria de Andreia Duarte e Ailton Krenak, e diversos artistas e pensadores contemporâneos, e ocupa o endereço digital tepi.digital.

O lançamento da plataforma ocorreu junto de sua primeira Mostra Artística, nela a abertura contou com a presença dos curadores e outros parceiros, como o diretor do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, e Aline Torres, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Como parte da celebração ocorreu ainda a exibição do espetáculo chileno TREWA – Estado-Nação ou o espectro da traição, dirigida por Mapuche Paula González Seguel,  peça documental que tematiza o assassinato de Yudith Macarena que envolve a violência histórica exercida contra o povo Mapuche pelo Estado chileno. TREWA inaugurou a plataforma, e contará com outras datas de exibição em janeiro e março de 2022.

A programação continua, no dia 5 de novembro, às 19h, será aberto o espaço das leituras dramáticas com a interpretação da dramaturgia Tybyra, por Juão Nÿn, peça que relaciona o mundo indígena à temática LBGTQIA+. Ao longo dos próximos meses, a TePI receberá apresentações que trarão também, questões concernentes à construção de hidrelétricas apoiada pelos estados, à presença feminina indígena na arte e à vida para além da humanidade.

A plataforma é um projeto a longo prazo, que será alimentado de forma contínua e duradoura com espetáculos, performances, leituras dramáticas, conversas abertas, atos para a cura, práticas pedagógicas, palestras abertas, encontros entre programadores e artistas indígenas de diferentes países, textos e vídeos, além de publicações dos mais variados e-books, catálogos e dramaturgia inéditas. A programação completa será lançada entre novembro de 2021 e março de 2022 e contará com mais de 80 convidados, entre artistas, pesquisadores, intelectuais e produtores indígenas e não indígenas, as ações realizadas estão disponíveis na plataforma e a maioria ficará para acesso do público.

Inicialmente pensada como presencial, a primeira edição da TePI ocorreu presencialmente em 2018, com o tema “Encontros de Resistência”, no SESC Pompeia. Foi discutida a questão do corpo indígena, sua representação no teatro, a luta pautada no antagonismo e a percepção da arte como forma de resistência.

De maneira geral e objetiva, o conceito da plataforma envolve o protagonismo do indígena na arte; o entendimento do teatro como ação artística que produz poética e política em diferentes espaços; e a percepção da existência para além da humanidade, através da valorização de obras que evidenciam e lutam pela pluralidade de todas formas de vida. No entanto,  espaço também se quer um lugar de diálogo e compartilhamento entre culturas diferentes:

“O protagonismo indígena é essencial para o TePI. Mas pensamos fundamentalmente em obras de artistas indígenas ou que se relacionam com esse universo que trazem reflexões sobre o mundo e mostram pontos de vista ambientais, políticos e sociais para a reinvenção da vida”, afirma a diretora artística Andreia Duarte. “Não dá para falar de arte indígena sem pensar o planeta, por isso no TePI estamos interessados em trabalhos que trazem este movimento.”

O programa ainda objetiva internacionalizar, ou seja, abrir um espaço de discussão da arte indígena brasileira com a arte indígena mundial, para isso ocorrerão rodadas de encontros virtuais entre artistas indígenas convidados, programadores e representantes de diferentes instituições culturais do mundo.

O projeto também estreará um podcast no próximo dia 7 de dezembro, com programação semanal, o TePI Podcast, ele consiste numa série de conversas com artistas indígenas convidados que falaram sobre sua atuação no mundo das artes da cena, refletindo as relações histórica, política, social e estética da produção teatral indígena.

A realização do evento é pela produtora Outra Margem, com recursos da Lei Aldir Blanc; Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de SP; Secretaria Municipal de Cultura de SP; SESC São Paulo; e em parceria com a Ocupação Miranda 2021.





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