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Aderbal Freire Filho por Claudia Hamra

Publicado em: 29/03/2012 |

Rápido, é sempre assim, o tempo passa rápido e já se vão 11 anos desde que o espetáculo “Casa de Boneca” estreou no Teatro Faap. Não me lembro se eu convidei ou eles me enviaram o projeto da peça, mas sei que me trouxe com muita alegria o Aderbal Freire Filho, diretor quieto, calmo e sempre falando com delicadeza com e sobre o elenco. As pessoas acharam estranho estrear Ana Paula Arósio com Ibsen, mas foi um sucesso estrondoso para um drama social do século XIX.

 

É assim com os atores: Aderbal só possibilita que o talento flua e ocupe o palco de forma absoluta e plena. Isso requer abrir mão, muitas vezes, de ideias e planos que podem não ser compatíveis com esses talentos; mas ele não briga com isso, percebe e deixa fluir. A direção não é colaborativa, ele é que é sensível para perceber as possibilidades e os talentos de cada um.

 

Depois disso, veio “A Prova”, com Andréa Beltrão, Emílio de Melo e José de Abreu, um presente para a cidade de São Paulo e para a minha direção de programação no Faap. Nem foi sucesso. Sucesso não depende só de um bom espetáculo, depende de um conjunto de fatores que, agora, não vem ao caso. Mas era um espetáculo maravilhoso, desses que, hoje em dia, eu ainda pautaria para o Teatro Faap. 

 

Um tempo depois, fui para o Rio de janeiro e vi o “Tio Vânia”, que estava no Parque Lage. Um cenário imenso, montado do lado de fora do parque. Como trazer isso pra São Paulo? E o Aderbal me disse: “Claudinha, eu até já sei como vai ficar no palco do Faap”. Ele e a cenógrafa Daniela Thomas fizeram uma coisa tão linda e delicada com o espetáculo! E, pela primeira vez, eu vi famílias inteiras assistindo juntas a uma peça: avós, filhos e netos numa comunhão com a cultura e as maravilhosas interpretações de Débora Bloch e Diogo Vilela, encabeçando um grande e competente elenco.

 

Um dia, estava no Faap e o produtor Sergio Martins me ligou, dizendo que o Aderbal pediu para visitar o teatro para conhecer e me apresentar um projeto. Era “Hamlet”, com o Wagner Moura!

 

E, logo, mais um projeto, “O Continente Negro”, de Marco Antonio De La Parra, com Yara de Novaes, Débora Falabella e Ângelo Antonio, peça difícil de estética radical.

 

Aderbal é um diretor que me ajudou a fazer a trajetória do Teatro Faap. Obrigada sempre!

 

 

Claudia Hamra é diretora do Teatro Faap.

 

Veja o verbete de Aderbal Freire na Teatropédia.

 

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