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A Vida Traduzida em Palavras

Publicado em: 06/03/2012 |

Morar no interior, brincar na rua e ganhar todos os dias um hematoma diferente foi o cenário da infância de Tato Consorti, assessor da Diretoria Executiva da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco. Nascido e crescido em Sorocaba, Tato acredita ter sido por conta dos constantes machucados que aprendeu sua primeira palavra estrangeira: “band aid”, talvez a inspiração para que, anos mais tarde, se tornasse um curioso por outros idiomas e culturas.

 

Quando soube de uma possibilidade de integrar o time da SP Escola de Teatro, se candidatou e conseguiu a vaga. “Só conheci Ivam e todo o núcleo de fundação do projeto depois que comecei a trabalhar aqui”, comenta.

 

Antes disso, porém, Tato percorreu um longo caminho. Após ter alcançado a maioridade, se mudou para o Rio de Janeiro, onde se graduou em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Lá, na cidade maravilhosa, trabalhou na CN Artes e no Galpão Aplauso. De volta à terra da garoa, Tato se envolveu em projetos como o Ademar Guerra e o Programa Vocacional, ministrando aulas de teatro, orientando grupos, fazendo coordenação artística, entre outras funções.

 

Mas a vinda para a SP Escola de Teatro significou mais do que um novo trabalho. Foi responsável por ampliar sua família, até então composta por seu pai, sua mãe, seus dois irmãos. Foi em seu primeiro ano na Instituição que Tato decidiu adotar um dos filhotes de Cacilda, a mascote da Escola. Batizado de Basilio Giuseppe Consorti, em homenagem a seu trisavô, Baso, como é carinhosamente chamado, hoje vive em Sorocaba e é o xodó dos Consorti. Além de Baso, os amigos também ocupam um papel importantíssimo em sua vida. “Tenho muitos e muito bons”, completa.

 

Para além dos palcos, Tato é um amante das artes em geral. A trilha sonora de sua vida é a que ele chama de “a música mais bonita da história da Humanidade”: “Baby”, de Caetano Veloso, na voz de Gal Costa. E o cinema também é uma de suas grandes paixões. “O cinema teve papel fundamental na minha formação como artista. É difícil apontar um único filme, mas o primeiro que me vem à mente, agora, é ‘Os Boas Vidas’, do Fellini. Aliás, esse sim, sem dúvida, apontaria como sendo meu cineasta favorito.”

 

Em sua trajetória no teatro, foi indicado e premiado, aos 16 anos,  como ator nos festivais teatrais de Marília (SP) e Ourinhos (SP) por seu trabalho em “Tomates Verdes Crus” (1996), de Mario Pérsico. Também constam do seu currículo atuações em “Bonitinha, Mas Ordinária” (2001), de Nelson Rodrigues, com direção de Luciana Martins; “A Tempestade” (2004), com texto de William Shakespeare e direção de Luiz Arthur Nunes; “Carpe Diem” (2005), de Daniela Pereira de Carvalho, e “O Mundo Maravilhoso de Dissocia” (2006), de Anthony Neilson, ambos encenados por Felipe Vidal. Em televisão, participou do programa “Sítio do Pica-Pau Amarelo” (2003), na Rede Globo, dentre outros.

 

Como diretor, seu mais recente trabalho foi “Rock’n’Roll” (2009), de Tom Stoppard, com um elenco de peso: Otávio Augusto, Gisele Fróes, Thiago Fragoso e Bianca Comparato. A peça cumpriu temporadas no Rio de Janeiro e em São Paulo, tendo sida indicada aos principais prêmios teatrais do ano. 

 

De temperamento sereno, Tato perspectiva seu futuro em um jardim, um pomar e alguns cachorros. Mas isso só para daqui a muitos anos. Por enquanto, os planos são continuar a trabalhar na SP Escola de Teatro e voltar aos palcos. Para o segundo semestre de 2012, os planos incluem encenar “Realismo”, produção de seu grupo, a Imprecisa Companhia. “O espetáculo, de Anthony Neilson, é fruto de uma nova safra dramatúrgica escocesa”, comenta.

 

 

Texto: Jéssika Lopes