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À Raiz de Lilia

Publicado em: 24/09/2012 |

O teatro estava cheio quando a atriz Lilia Cabral entrou e sentou-se no pequeno palco, ao lado de J.C Serroni. O coordenador dos cursos de Cenografia e Figurino e Técnicas de Palco ensaiou as primeiras frases de alguém que conhecia a atriz de longa data. “É impossível não pensar no espetáculo ‘O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá’”, disse relembrando o trabalho com Lilia, em 1983, Prêmio Coca-Cola de Melhor Figurino, em 2004. O evento, exclusivo para aprendizes, aconteceu no último sábado (22) e integrou o “Diálogos da SP”, evento promovido pela SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco.

 

“Vou começar por onde?”, interpelou Lilia, “Começar é sempre difícil, inclusive numa cena. As pessoas acham que depois do ensaio, as coisas já estão prontas. No entanto, é sempre uma expectativa subir ao palco e até um ponto de interrogação.”

 

Nos momentos que se seguiram, a atriz compartilhou lembranças de infância, o sonho de trabalhar na TV e histórias engraçadas. “Acho que eu era muito reprimida em casa porque na escola eu sempre queria falar em público. Até dar recado para as outras turmas eu aceitava”, recordou. Quando se consolidou nos palcos ainda tinha planos para se apresentar na telinha. “Depois que entrei na TV, tive que mudar para o Rio de Janeiro. Foi bem difícil, mas decidi que nunca iria deixar os palcos. O teatro te faz um ator melhor, te constrói por dentro. Na TV, o trabalho de um ano fica esquecido na estreia da próxima novela. Nos palcos, seu sucesso ou fracasso permanece lembrado”, ressaltou.

 

 Lilia Cabral no “Diálogos da SP”, no último sábado (22), na Sede Roosevelt (Arquivo SP Escola de Teatro/Hélio Dusk)

 

Entre as perguntas dos aprendizes, Lilia explicou como é lidar com a plateia do teatro e a falta dela na TV e, nesse caso, como saber se uma cena deu certo. “Nos palcos você já descobre se a plateia se divertiu com a cena. Na TV é preciso descobrir outros sinais que estão dentro do estúdio: se a equipe acompanha rindo numa cena engraçada ou até mesmo se a camareira é pega lendo o roteiro, como já aconteceu. Isso pode indicar se um trabalho deu certo.”

 

Lilia também contou sobre o aprendizado constante de atriz e falou ainda sobre “Maria do Caritó”, peça em cartaz no Teatro Faap. “Quando você se abre para o conhecimento, recebe experiência e o espetáculo está trazendo isso. Quando vejo a Dani Barros durante a peça, penso: eu não sei nada! Ela é uma atriz jovem e grandiosa no palco.” 

 

Ao final, a atriz encerrou com uma mensagem aos aprendizes. “Na profissão que vocês almejam é necessário resistência e responsabilidade, não podemos enganar quem nos assiste. Quanto às oportunidades, não deixem passar nenhuma, ainda que seja pequena. Também não fujam do sofrimento, ele faz crescer como pessoa e, consequentemente, como artista. É importante também o suporte que a Escola dá a vocês, essa proximidade de pessoas que pensem o conceito de teatro e a formação de artistas.  E o glamour? Sim, ele existe, mas serve apenas para florear e decorar a casa”, arrematou sorrindo. 

 

Texto: Leandro Nunes

 

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