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Artista circense equatoriana Pipa Luke celebra o sucesso de seu curso de extensão na SP: “Fizemos muita magia!”

Publicado em: 01/11/2021 |

Foto por: Annelize Tozetto

O curso Manipulação e Criação do Bambolê, que teve início na sede Brás da SP Escola de Teatro dia 24 de agosto, terminou na última quinta-feira (28). Para marcar o encerramento deste ciclo, a SP convidou a ilustre artista circense Pipa Luke, que orientou as aulas, para dar um depoimento sobre a experiência.

“Foi muito gratificante, satisfatória, motivadora e alegre” confessa a professora. Ela afirma que seu objetivo sempre foi lecionar de maneira didática, lúdica e com muitas brincadeiras. E no meio de uma pandemia isso fez toda diferença, “fizemos muita magia!” completa Pipa Luke.

O curso tinha como objetivo central criar um espaço de desenvolvimento da técnica circense no bambolê, e foi desenvolvido em 3 etapas: A primeira de confecção artesanal e informações concernentes a estrutura do material associadas a técnicas básicas do bambolê. A segunda etapa foi de aprofundamento da técnica e pesquisa de movimento e a terceira foi focada num processo de criação autoral e desenvolvimento de número grupal, com exercícios que exploravam dinâmicas diversas.

A artista nasceu em Machala, capital da província Del Oro que fica na costa equatoriana e reside no Brasil desde 2016 junto com sua filha Isis Kat, atualmente com 9 anos. Pipa é graduada em Produção Audiovisual, com habilitação em Produção, Direção, Cinema e Televisão pelo Instituto de Artes Visuales de Quito. Na sua vinda para o Brasil, mudou-se inicialmente para Goiânia, lá fez parte da Escola do Futuro de Goiás em Artes Basileu França e integrou o Circo Laheto onde desenvolveu pesquisas na área das artes circenses, em especial bambolê, tecido acrobático e lira. Além disso, a artista também realiza trabalhos no Centro de Memória do Circo, da Prefeitura da Cidade de São Paulo, integra a ONG Palhaços Sem Fronteiras Brasil, ministra diversos cursos e oficinas em São Paulo, e com frequência promove encontros entre artistas circenses no Circo do Beco, localizado no Beco do Batman, na Vila Madalena.

Segundo a professora, em suas aulas ela entrega o seu máximo, porém sempre com muita leveza: “Foi uma experiência de aprendizado e de construção. Com muito carinho, muito amor, recuperar aquela infância, acordar essa criança interior que todos temos, e entender que desde sempre fizemos arte; esse foi o valor importantíssimo do curso como um todo. A devolutiva dos alunos foi sempre essa admiração e gratificação, essa entrega, sempre motivados para aprender a cada aula.” Para Pipa, trabalhar com o bambolê é recuperar no adulto a criança que ele foi um dia, e foi possível enxergar esse resultado na experiência que teve com seus alunos, “é um mundo novo que se abriu, é um nova porta que se abriu, uma nova esperança que se criou para as pessoas”.


“Gente que não tinha bambolê, agora têm bambolê e o leva para toda parte: praia, praça, ônibus” Assinala a artista “Até o percurso de levar um bambolê já cria uma expectativa, um bambolê? no ônibus?, ou seja, desperta-se uma curiosidade, uma das minhas alunas me contou que perguntaram a ela ‘o que você faz com esse bambolê?’, a aluna respondeu que fazia um curso de bambolê na SP Escola de Teatro com Pipa Luke, e a pessoa ficou surpresa: curso de bambolê? Nunca vi um curso de bambolê!”. A professora explica que ao estudar e aprender essa técnica, e descobrir todas as suas possibilidades e movimentações, o estudante se reconecta a sua infância, e então fica perceptível a singularidade desse instrumento e a magia que ele pode proporcionar.

“Foi uma experiência linda que reverbera para além dos nossos corpos. Colocar sentimento e mesmo assim estar lidando com o lado técnico, agradeço a Pipa por cada ensinamento, ela é maravilhosa e as aulas são incríveis. O curso, por ser o primeiro presencial depois de tanto tempo no ensino remoto, foi muito importante, principalmente essa troca com todos. Só tenho a agradecer e indicar para que outras pessoas, sejam artistas ou não, tenham essa experiência assim como nós!” Comenta um dos alunos do curso.

O circo é uma arte que possibilita ao artista uma enorme liberdade expressão, pois engloba em si uma miscelânea de outros trabalhos culturais: o teatro, a dança, a música. De maneira que ele pode se tornar um verdadeiro laboratório de criação artística e corporal, essa característica em si já representa a importância da prática milenar para a sociedade, pois é reveladora da função inclusiva e agregadora que a compõe. Sobre essa faceta da arte do circo, Pipa Luke comenta;

“A comunicação é uma parte fundamental e importantíssima para o desenvolvimento da técnica. Não é só a técnica, é toda a fluidez dos sentimentos, nós trabalhamos no curso depositando nosso coração, nosso sentimento, quem a gente é, nossa identidade. É inclusivo, é plural, é um lugar de fala e do nosso corpo, é um lugar de executar nossa arte.” Para ela, ser uma artista circense afro-latina e equatoriana no Brasil, é ser essa voz que ultrapassa fronteiras, bandeiras e línguas, é uma postura, um falar direito, uma ação concreta, objetiva. Ser uma artista de circo, negra, estrangeira e mãe é possuir um poder criador condensado em uma arte só; a qual é muito ampla, mas especificamente em uma mulher, ela é uma voz, é uma forma de falar. “Meus trabalhos artísticos falam sobre isso: sobre quem eu sou, sobre nossa história e ancestralidade, sobre o lugar que nós ocupamos, o lugar onde estamos, a nossa fala. Todos meus trabalhos falam sobre a minha pessoa e sobre a minha negritude. ”

A professora deixa a SP contente com a experiência: “Gostaria sim de ministrar um novo curso na SP, muitos alunos perguntaram, ‘vai ter continuidade do curso?’, ‘Vai ter um nível 2?’ Essas perguntas são satisfatórias para um professor, porque a gente dá tudo. Então, saio encantada de dar mais curso, e emocionada de continuar aprendendo e depositando o aprendido na SP Escola de Teatro e em São Paulo, no Brasil e no mundo. O que aprendemos e o que sabemos nesta vida é para compartilhar.”

 

Texto e entrevista por Letícia Polizelli.

 

 

 




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