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A Arte de Escrever Pensando na Funcionalidade Cênica

Publicado em: 12/05/2011 |

A diferença entre dramaturgia e dramaturgismo, segundo Marici Salomão, coordenadora do curso de Dramaturgia da SP Escola de Teatro, é que a primeira, normalmente, é a arte de escrever um texto original, baseado ou não em suas ideias e pontos de vista. Já o dramaturgista, assim como o dramaturgo contemporâneo, precisa levar em conta uma série de fatores relacionados à cena teatral. Ele geralmente adapta um texto para um determinado grupo realizar as encenações, então trabalha com algumas determinações prévias. Por esta razão, faz parte de suas responsabilidades acompanhar todas as etapas, ou pelo menos a maioria, do processo do trabalho que será apresentado.  

 

É isso o que os aprendizes de Dramaturgia do Módulo Verde exercitam durante o Componente Dramaturgismo, ministrado por Cassio Pires. “Eles devem fazer uma releitura de “A Gaivota”, de Tchecov, sem traí-la. Eles usam exatamente as mesmas palavras da obra, mas com recortes e outras proposições formais”, observa a coordenadora.

 

“O Componente é separado em dois segmentos: o teórico, que mune o aprendiz da parte histórica, conceitual e técnica sobre o dramaturgismo, e a prática, onde o Cassio faz o acompanhamento e análise das cenas produzidas pelos aprendizes”, explica Marici.

 

Para criar essas cenas, eles se separaram em oito grupos de duas a três pessoas cada. “Estão trabalhando nesse texto há uns dois ou três meses, desde o começo do Módulo”, afirma Pires, que, durante as aulas, ouve as cenas de cada grupo, dando em seguida a sua opinião sobre elas. 

 

Em uma das aulas do Componente, foi proposto aos aprendizes um exercício de análise de ação, no qual os grupos tinham que ler as cenas dos outros e analisar as ações da cena. Pires propõe que eles se limitem a “discutir sob um único ponto de vista, sobre o que acontece naquela cena, não o que vocês acham dela”.

 

“Creio que o maior desafio dos aprendizes talvez seja entender o conceito, que é bastante “aberto”. Entender como formular a percepção deles e como se relacionar com a ideia de dramaturgismo”, finaliza.