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Novos paradigmas

Publicado em: 02/10/2017 |

Volto do FESTIVAL ESTUDANTIL DE TEATRO DE TATUÍ animada.

Já participei como jurada, debatedora e avaliadora de inúmeros festivais no Brasil, mas nos últimos anos, por excesso de trabalho por aqui, costumo aceitar apenas alguns convites como curadora ou selecionadora, quando não exige temporadas de uma ou duas semanas fora de São Paulo.

Mas o fato é que mantemos uma parceria com esse tradicional Festival (o FETESP existe desde 1977, sendo esta sua 26ª edição, coordenada por Carlos Ribeiro) e ao ser convidada pelo nosso Departamento de EXTENSÃO CULTURAL, achei que seria ótimo ir. Afinal, estar perto dos estudantes no momento em que incorporam o teatro à vida, desabrochando para o salvamento que representa a arte em geral na depuração do gosto estético, na potência do ser e na aceitação de problemas (mais do que na sua resolução), foi decisivo. Lá fui eu, para uma semana de muito calor e muitas trocas.

Ao lado de outra jurada, a dramaturga e diretora Solange Dias, e em alguns dias fruindo da companhia dos queridos profissionais oficineiros Suzana Aragão, Bartholomeu de Haro, Cadu Witter e Aline Meyer (que time, hein?), vimos peças à tarde (MOSTRA COMPETITIVA DO TEATRO NA ESCOLA) e à noite (MOSTRA NÃO COMPETITIVA DE ESCOLAS DE TEATRO), de cidades em que nunca imaginei como poderia ser o teatro, como PARAGUAÇU PAULISTA, LIMEIRA, SALTO DE PIRAPORA, SÃO ROQUE, a própria TATUÍ e outras.

Trago como principal sensação a mudança de paradigmas nas cidades do estado de São Paulo. E, sim, para MUITO melhor. Deparo com espetáculos coerentes, cheios de vigor, dialogando com a cultura pop e com assuntos “de jovem para jovem” (digamos assim), sem excessos de luz ou sonoplastia para meramente chamar a atenção do espectador para a “embalagem”, talentos sobretudo na área da atuação, debates bem argumentados, com gente bem informada e, hoje, mais consciente do fazer teatral – e do que ele impõe como carreira, ofício e responsabilidade.

São novos paradigmas, que apontam para uma mudança qualitativa ao teatro feito no estado de São Paulo. Pensemos nas iniciativas das últimas décadas às cidades do estado: editais, espetáculos em circuito, a força do projeto Ademar Guerra, as ações do SESI, do SESC, da SP ESCOLA DE TEATRO, novas escolas de formação de atores não concentradas mais na capital, festivais, estudantes saindo para estudar, mas voltando às suas cidades para agir, parcerias com profissionais de outras cidades ou estados e, não esqueçamos, a força da Internet estimulando trocas, aquisição de conhecimento, aumento de repertório, depuração do gosto, aprimoramento do senso crítico.

Volto de Tatuí mais forte e otimista, apostando como nunca que teremos cada vez mais um teatro sob bases fortes e maduras para todo o estado de São Paulo e para o Brasil.