Ainda que patente, é importante afirmar que o performativo não se limita às artes. Está em diversas áreas, como medicina, engenharia, arquitetura e tem a ver com o ato de fazer, de atuar.
Também não se restringe aos aspectos sensíveis e pode agir tanto nas camadas sociais como nas físicas. O performativo não está ligado ao desempenho; antes, é o processual que interessa.
De maneira geral, performance pode significar resultado ou maneira de se realizar alguma coisa. Pode definir também – se roubarmos sua relação com as artes plásticas –, uma maneira de colocar em prática um trabalho artístico ao vivo, um happening.
Deste modo, performam os que fazem performance. Se a performance acontece neste “lugar” e “ao vivo”, é possível pensarmos que, neste terreno, é forçoso que outra realidade seja instaurada. Não podemos esquecer que estamos no espaço da subjetividade e que o teatro é um acontecimento; um fenômeno, portanto.
Assim – e por meio desta experiência – podemos transformar ficção em realidade ou vice-versa. E, neste lugar, tanto artistas quanto público podem performar.
No teatro e no teatral, necessitamos sempre de um olhar externo, da consciência e da observação. O performativo, contudo, não depende necessariamente deste olhar. Obrigatoriamente, o teatral prescinde do performativo; o performativo, no entanto, pode dispensar o teatral.
Enquanto no teatral recorremos à formalização, na performatividade buscamos a fricção, a possibilidade do diálogo. Porque é no performativo que trabalhamos com a suspensão de juízo, importantíssima no processo criativo.
A questão da experiência é o platô da base pedagógica da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco. E nossa questão nestes últimos dias tem sido pensar como o performativo pode se deslocar no que propomos.
Se o foco está na experiência, nunca no resultado, o que importa é o fazer.