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Ato inaugural

Publicado em: 02/10/2017 |

Nas palavras da filósofa Rachel Gazolla, “o novo é um ato inaugural que recolhe toda a experiência do passado e a abrevia no instante presente, enquanto que a novidade é uma repetição sem memória nenhuma, sem história, e por isso ela é supérflua e descartável.” Esse trecho pertence ao capítulo “Debate sobre o teatro grego, com Rachel Gazolla e Olgária Mattos, no livro “O teatro e a cidade” (organização do diretor, dramaturgo e acadêmico Sérgio de Carvalho), um de meus deliciosos livros de cabeceira.

 

Estava justamente estudando o capítulo que fala sobre o teatro grego quando deparei com o conceito. E imediatamente transferi-o para o primeiro dia do início das aulas dos Cursos Regulares 2015, do qual estamos já a poucos dias. Na verdade, nós, coordenadores, formadores e convidados, começamos os trabalhos bem antes. Definição de programas, contatos com formadores, preparação de textos, imbricamento de aulas, bibliografia, textos teóricos, peças, vídeos etc. Um arsenal incrível de pensamentos e materiais.

 

Mas para mim outro aspecto pesa muito nessa preparação: pensar que o primeiro encontro é o tempo-espaço de um ato inaugural. Lugar do novo, de trocas que serão únicas na vida de um aprendiz-artista, e que nos colocará em contato (espiritual também, por que não?) com novas experiências, estudos, práticas e afetos. Um primeiro encontro que é um ato inaugural das nossas transformações, pelo contato, pela contaminação, pela troca.

 

Pensar nesse primeiro encontro com tudo o que ele trará para os próximos anos tira o sábado 31 de janeiro do lugar das poucas pretensões. Atos inaugurais ficam pra sempre na nossa memória. Deixemos fluir.