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21 Dias

Publicado em: 02/10/2017 |

Viajei razoavelmente pelo mundo dos 20 aos 40. Sem medo e mais longamente.

Mas hoje não mais. Só mesmo a trabalho.

Não me perguntem por que é difícil: responderei o óbvio – medo de avião. Rio comigo e de mim mesma, porque isso é verdade, mas só em parte. A verdade é que a gente finca raízes.

Gosto de casa. Gosto do dia-a-dia alucinado entre sedes da SP, entre minha casa e o Sesi, entre teatros de São Paulo, entre a minha casa e o clube, entre meu bairro e a avenida Paulista, entre meu quarto e a sala, a sala e a cozinha, a cozinha e os meus pássaros livres, que vem todos os dias buscar comida.

Gosto mesmo de casa. Gosto de estar perto da cachorra, dos meus livros, do meu escritoriozinho, da cozinha ensolarada, onde adoro ler o jornal tomando café.

Então viajar não é mais das minhas primeiras opções na vida. Só vou quando é a trabalho.

Então chega a hora.

A última (longa) foi ao Reino Unido, a convite do Conselho Britânico, como coordenadora do Núcleo de Dramaturgia Sesi-British Council. Foram dez dias e uma bagagem de muita história do Núcleo, peças, notícias, experiências que foram compartilhadas com diretores e dramaturgos da Inglaterra e Escócia.

No entanto, agora não serão 10, mas 21 dias. Um potente convênio entre a SP Escola de Teatro e a Sada, Escola de Teatro e Cinema de Estocolmo, na Suécia. Vários professores suecos já estiveram na SP, e os nossos também já foram para lá. A parceria continua por mais alguns anos e também envolve os estudantes.

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Comprei uma mala nova hoje, maior que a velha que me acompanha há anos, e que continua nova, porque viajo pouco; o problema é esse, ela é pequena para viagens mais longas.
21 dias.

Encontros com representantes da Sada, entre coordenadores, professores e alunos. Na bagagem, a história da SP Escola de Teatro, o curso de Dramaturgia, nossas experiências de quatro anos repletos de muitas histórias incríveis. Rodolfo García Vázquez já estará lá. Raul Teixeira, Bernadeth Alves e eu chegaremos no dia 28 de abril.

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Mergulho no inglês, com a ajuda da Sylvia Soares. Muitos phrasal verbs e a coisa começa a ficar divertida.

Penso nas roupas de frio que vou colocar na mala (não muita coisa, mas serve bem).

Penso nas necessidades da Naga, minha cachorra querida (Marisa, minha assistente, ficará com ela). Provisão de comida, bifinhos, ossinhos… Telefones de contato para qualquer eventualidade (que, claro, espero, não haverá).

Organização dos pagamentos do mês de maio.

Organização de papéis de viagem.

Organização das semanas de ausência com relação aos cursos da SP e do Sesi-British Council (Alessandro Toller e César Augusto Batista, obrigada pela fiel parceria!).

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Meu desejo é levar o melhor da nossa história dramatúrgica e teatral a Estocolmo. Abrir cada vez mais espaço à dramaturgia brasileira fora do Brasil. Relatar o teor dos cursos de longa duração em dramaturgia, no Sesi e na SP, que vão mudar (já estão mudando) um vetor considerável da nossa história teatral, com o surgimento de novos dramaturgos e pesquisas. Relatar também o importante trabalho de coletivos e artistas potentes brasileiros.

Que venham os 21 dias, a viagem de 12 horas (é isso mesmo ou mais?), a distância de casa – levo junto a consciência de que a causa é boa!