Seus estudos em Artes Cênicas começou quando ela estava com apenas 11 anos, mas foi em 2013 que Laila Garin ganhou o público quando protagonizou o espetáculo “Elis, A Musical”. Com uma interpretação brilhante que fez lotar os teatros por onde a peça passou e agradou também à crítica, a baiana celebra o Dia Internacional da Mulher com show no Teatro Porto Seguro.
Em “Rabisco”, Laila é acompanhada pela banda A Roda, formada por Ricco Viana, Rick De La Torre e Marcello Müller. O repertório tem compositores da nova geração, como Dani Black e Juliano de Holanda, mas também traz nomes consagrados como Gilberto Gil e Jorge Ben Jor.
Laila conversou com o portal da SP Escola de Teatro sobre sua carreira, a influência da música é até sobre mudanças na Lei Rouanet.

Laila como Elis Regina
SP Escola de Teatro – Você começou a estudar teatro aos 11 anos e canto lírico aos 13. Uma coisa levou à outra?
Laila Garin – Sim. Nós cantávamos nas peças de teatro da Cia. de Teatro Amador. Lá, descobri que tinha facilidade e, então, fui estudar canto. Sempre cantei no teatro e levei, em paralelo, os estudos de canto. Mas foi fazendo um Brecht com (o diretor) José Possi Neto, quando eu tinha 18 anos, que vi que atuar cantando ou cantar atuando era a minha paixão.
SP – Você estagiou no Théâtre du Soleil, uma das mais celebradas companhias teatrais da França. O que a experiência agregou à sua carreira?
LG – Fiz um curto estágio de 15 dias lá na Cartoucherie (região onde está instalado o Théâtre du Soleil) em 2002, logo antes de vir morar em São Paulo. Este foi meu primeiro contato. Só que tive catapora durante o estágio, então minha performance não foi tão boa. Mas guardo lembranças até hoje. Tenho anotações preciosas das atividades das quais participei e, desde então, sempre que o Soleil vem ao Brasil eu procuro fazer estágios com eles. Eles me alimentam e me chacoalham, me acordam como artista. O Soleil é mesmo uma fonte de luz.

Com Ícaro Silva, que viveu Jair Rodrigues
SP – Você fez grande sucesso quando protagonizou “Elis, A Musical”, com sessões lotadas e ótimas críticas. O que mudou depois do espetáculo? Você teve medo de ficar marcada pela personagem?
LG – Tive este medo, sim, mas engatei uma novela e logo fiz um musical de Nelson Rodrigues, vivendo um personagem complexo com uma dramaturgia riquíssima. Isso me ajudou. Me lancei em outros desafios logo! Também fiz alguns shows e ninguém gritou pedindo pra eu cantar como Elis Regina! Acredito que, por ter colocado algo meu na composição da minha Elis, isso talvez tenha ajudado. O sucesso muda, mas, ao mesmo tempo, não muda a gente. O reconhecimento e a projeção fazem com que a gente tenha mais liberdadee mais poder de escolha, acredito. E, para mim, este sucesso de “Elis” me ajudou no sentido de eu poder ser mais eu mesma e acreditar na vida. O que aconteceu foi algo muito especial, muito raro.
SP – O Tribunal de Contas da União (TCU) quer impedir que espetáculos com alto potencial lucrativo – caso dos musicais – sejam beneficiados pela Lei Rouanet. Isso está causando certo furor no meio do teatro musical, com produtores afirmando que estes espetáculos devem sumir ou ter sua qualidade reduzida. Como você enxerga essa situação?
LG – Seja musical ou não musical, o nosso setor não é autossustentável. Uma bilheteria não sustenta mais um espetáculo. Esta declaração do TCU em um ano que já está difícil, que tem restrições, com Olimpíadas, foi bem complicada para os produtores. A classe está se reunindo para discutir o assunto e resolver. Eu não entendo detalhes do assunto, mas respondo como alguém de teatro, alguém que vive de montagens brasileiras de produções brasileiras.
SP – O que você diria para alguém que está começando a estudar teatro?
LG – Eu diria que é um caminho fascinante, mas muitas vezes árido. Acho que só sobrevive quem realmente não tem outro modo de ser feliz na vida. Há que ser uma necessidade. Eu nunca vivi sem ele. Não sei como é a vida longe do teatro.
Serviço
Laila Garin in Trio – Show “Rabisco”
Teatro Porto Seguro. Al. Barão de Piracicaba, 740, Campos Elíseos, 3226-7300
Terça-feira, 8 de março, 21h
R$ 50/R$ 80. 80 min., Livre
Laila Garin in Trio – Show “Rabisco”
Teatro Porto Seguro. Al. Barão de Piracicaba, 740, Campos Elíseos, 3226-7300
Terça-feira, 8 de março, 21h
R$ 50/R$ 80. 80 min., Livre