Inspirada num misterioso romance póstumo de Júlio Verne e com a criação coletiva de Ariane Mnouchkine e seus atores, a peça “Os Naufragos da Louca Esperança (Auroras)” estreou em 2010. No Brasil desde o início de outubro, o espetáculo é composto por nove episódios e propõe a discussão e criação de uma sociedade mais justa.
Arquibancadas, cenários, figurinos e palco foram trazidos da França para uma temporada em São Paulo, que acontece na unidade do Sesc Belenzinho, até dia 23 de outubro.
Com aproximadamente quatro horas de duração, a peça se desenrola em diversos cenários manejados pelos próprios atores, com a mesma fluidez de embarcações em alto mar, fazendo com que as cenas surjam, arrebatam e desapareçam.
A amizade, a história da França, os primórdios do cinema, a calmaria da belle époque e todos os princípios que fazem o Théâtre du Soleil ser o que é estão presentes nessa peça dirigida pela diretora símbolo da companhia e do teatro contemporâneo francês, Ariane Mnouchkine.
Nascida em 3 de março de 1939, em Boulogne sur Seine (cidade à margem direita do Sena, à 5 minutos de Paris), Ariane fundou o Théâtre du Soleil, em 1964, com seus companheiros da Associação Teatral dos Estudantes de Paris (ATEP).
A companhia se instalou nos arredores de Paris, num local que se tornaria um novo espaço de teatro: a Cartoucherie de Vincennes e criou novas formas de organização e funcionamento, privilegiando o trabalho coletivo, o objetivo de estabelecer novas relações com o público e a criação de algo que se distinguisse do teatro burguês, para, então, chegar a ser um teatro popular de qualidade.
Hoje, o Théâtre du Soleil tem uma trupe de mais de 60 pessoas, de cerca de 30 nacionalidades diferentes, que se entendem por meio mais de 22 idiomas. As funções se confundem e o salário é igual para todos os integrantes da companhia.
No dia de sua chegada ao Brasil, Ariane concedeu uma entrevista para a imprensa que pode ser acessada aqui.
Para Francisco Medeiros, coordenador do curso de Atuação da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, esse material deve servir de fonte de inspiração e estudo. “É uma entrevista longa, mas creio que preciosa. Nela, há colocações a respeito do teatro, da narrativa e de muitos outros elementos ligados à formação do artista. Eu indico a todos os aprendizes e artistas”, conclui.
Texto: Renata Forato