Maio internacional na Extensão Cultural da SP Escola de Teatro com artistas de oito países; na foto; Looking for Andy (Sérvia + Reino Unido); Xana DuMe (EUA e Brasil), An Eve and an Adam (Dinamarca) e Ministério Sem Fronteiras (Argentina, Cuba, Panamá e Venezuela) – Fotos: Divulgação
Nada como estar em diálogo com o mundo. O mês de maio de 2023 foi movimentado e repleto de ações internacionais na SP Escola de Teatro, com ações promovidas pela Extensão Cultural e Projetos Especiais, em parceria com Relações Internacionais e Pedagogia, foram realizados dois workshops e três espetáculos com artistas de oito diferentes países: Argentina, Cuba, Panamá, Venezuela, Reino Unido, Sérvia e Estados Unidos, Dinamarca, além do Brasil, representando os continentes europeu e americano (América do Norte, América Central e Caribe e América do Sul).
Workshop “A Plástica Cênica” promovido pelo grupo Ministerio sem fronteiras | Foto: Sara Peper
América Latina: Ministério Sem Fronteiras contra a xenofobia
Os primeiros a desembarcarem foram os latinos do Ministério sem Fronteiras, em parceria com o projeto Iberescena. Composto por Abel Garcia (Venezuela), Alicia Arteaga (Cuba), Maria Brighenti (Argentina) e Marian del Castillo (Panamá), o grupo promoveu entre os dias 18 e 20 de maio, na sede Roosevelt da SP Escola de Teatro, recebeu o workshop, totalmente gratuito, A Plástica Cênica.
A Plástica Cênica é o conjunto de elementos espaciais, plásticos e visuais que estão presentes na performance teatral, desde o cenário, passando por iluminação, imagens e projeções, figurinos, maquiagem, até o design gráfico do cartaz e do programa. O objetivo dos encontros foi pensar no intercâmbio entre os participantes, a partir do cruzamento de diferentes disciplinas e das narrativas apresentadas, sobretudo aquelas relacionadas com a migração.
Após isso, o grupo de artistas finalizaram sua passagem com a realização da instalação performática MALA no dia 27 de maio. A performance propõe a vivência de uma hora em uma instalação que retrata situações que os imigrantes passam quando se instalam em um novo lugar.
Com diferentes recursos sonoros, plásticos e interagindo com o público, uma mala é o fim condutor da história que retrata as dificuldades e os momentos de refúgio durante seu processo migratório. Desta maneira, buscando evidenciar e refletir, dentre outras coisas, sobre a ressignificação da identidade, a solidão, a burocracia, a xenofobia e as angústias que traz a impossibilidade de voltar para o próprio país.
Aleksandar Dundjerovic, Miguel Arcanjo Prado e Stephen Simms: Residência Internacional na SP Escola de Teatro – Foto: Divulgação
Reino Unido + Sérvia – Birmingham City University e Satyros
Com uma produção decolando de volta para o seu lar, logo outra desembarcou em nossa sede Roosevelt, dessa vez foi uma dupla acadêmica da Birmingham City University, no Reino Unido, com os artistas Stephen Simms, da Grã Bretanha, e Aleksander Dunderović, sérvio radicado na Inglaterra.
No primeiro momento da residência, Dunđerović e Simms ministraram um workshop gratuito de 9 a 12 de maio denominado, “Buscando o amor em ‘Looking for Andy’: da textualidade à virtualidade”, onde exploraram o uso da performatividade e de diferentes pedagogias no teatro digital ao vivo.
Após o workshop a dupla iniciou o processo de montagem do espetáculo Looking For Andy, trabalho que explora a performance digital e que surgiu de um trabalho colaborativo com artistas brasileiros há um ano, quando começaram encontros e ensaios virtuais.
A peça Looking For Andy realizou duas apresentações, no Espaço dos Satyros, de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, nos dias 19 e 20 de maio. Com concepção de Dunđerović e Simms, o espetáculo teve direção de Dunđerović e atuação de Simms, além de intensificar o intercâmbio artísticos com um elenco de artistas brasileiros convidados. Com Henrique Mello, Sabrina Denobile, Marcia Daylin, Ingrid Oliveira, Alana Carrer e Ícaro Gimenes. Além de estudantes da SP Escola de Teatro que também colaboraram na iluminação, sonoplastia e outros aspectos técnicos da montagem.
Participaram do processo os estudantes Camila Ismerim, Luís Felipe Leão, Edilena Malta, Igor Yabuta e Vinícius Nunes, que estão trabalhando em aspectos de iluminação, som, vídeo e produção de ferramentas digitais.
Cartaz de divulgação de “An Eve and an Adam – Uma dupla coreográfica algo nua”, da companhia Granhøj Dans, da Dinamarca, em trabalho de 2023. | Foto: Divulgação
Dinamarca e o Adão e Eva do grupo dinamarquês Granhøj Dans
Nos dias 23 e 24, a SP Escola de Teatro, na unidade Roosevelt, recebeu a residência artística dinamarquesa “An Eve and an Adam”, do grupo dinamarquês Granhøj Dans, sob direção artística de Palle Granhøj.
O espetáculo em que a nudez corporal é apresentada no palco, contrariando, quanto ao seu objetivo, o que se passa nas redes sociais, já há algum tempo. Refletindo sobre a exposição dos corpos dos jovens nas redes, a pornografia em todas as suas formas está disponíveis em todos os meios de comunicação e é amplamente consumida. Onde a timidez aparentemente deixou de existir quando se trata de exibir o corpo nu na cultura virtual. Mas, ao mesmo tempo, crianças e jovens não se atrevem a tomar banho depois de praticar esportes nas escolas, supostamente por modéstia. Homens e mulheres de todas as idades cultivam o corpo nas academias, mas têm vergonha de aparecer nus no chuveiro. É urgente repensar nossa relação com a nudez natural e honesta do corpo e repensar as formas de representação da nudez na cultura midiática. Esse é o sentido deste trabalho, ou seja, convidar a tal reflexão.
Granhøj Dans é uma das companhias de dança dinamarquesas mais conhecidas internacionalmente, tanto por seu profissionalismo, bem como a originalidade do seu trabalho, que se baseia na prática consistente de Técnica de Obstrução. As atividades da companhia são financiadas, por um lado, por doações do Council for the Arts of Denmark (Entidade do Ministério da Cultura), e por outro lado patrocinadores privados e co-produtores, e a venda dos espetáculos itinerantes.
Cartaz de divulgação do evento “Xana Dume – A rainha do sapateado drag em Nova York”, que terá pocket show e mesa de discussão na SP Escola de Teatro, em 2023. | Foto: Divulgação
Estados Unidos: Xana DuMe, a drag sapateadora de Nova York pela primeira vez no Brasil
Por fim, maio também foi a vez de recebemos a drag queen rainha do sapateado de Nova York Xana DuMe, criação do bailarino e sapateador Felipe Galganni, brasileiro naturalizado norte-americano e que vive há 13 anos em Nova York, EUA, onde já estampou críticas no prestigiado jornal The New York Times e dá aulas nas principais escolas de dança da Broadway.
Xana DuMe participou de uma internacional Mesa de Discussão, que contou ainda com participação de Bruno Narchi, ator e diretor renomado no mercado do teatro musical brasileiro, que entrevistou Xana DuMe/Felipe Galganni sobre sua trajetória de sucesso nos Estados Unidos. A noite de 25 de maio, Dia Mundial do Sapatado, ainda contou com Bruna Guerin, estrela dos musicais protagonistas de produções como Once e Urinal, e Thiago Gimenes, cantor e maestro de musicais como Bonnie & Clyde, que se uniram em uma performance que emocionou o público presente.
Assim, a Extensão Cultural encerra este mês de maio com a sensação de missão internacional cumprida, tornando o acesso a artistas do mundo uma realidade em nossa instituição, o que só é possível graças ao incomensurável apoio de nosso diretor executivo, Ivam Cabral, da equipe da SP Escola de Teatro como um todo, em especial os colaboradores da Extensão: Rodrigo Barros, David Godoi e Solange Correia. A todos nosso muito obrigado!
Com reportagem de Rodrigo Barros
*Miguel Arcanjo Prado é Coordenador de Extensão Cultural e Projetos Especiais da SP Escola de Teatro. Jornalista formado pela UFMG, é especialista em Mídia, Informação e Cultura pela ECA-USP e mestre em Artes pela UNESP. É crítico da APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes), da qual foi vice-presidente. Dirige o Blog do Arcanjo e o Prêmio Arcanjo de Cultura, além de fazer o Arcanjo Pod. @miguel.arcanjo