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Podcast Perdigoto, criado por Aury Porto e Leonardo Ventura, reúne 165 horas de conversa sobre teatro brasileiro

Publicado em: 23/10/2025 |

Com o objetivo de mapear o teatro brasileiro para além do eixo Rio-São Paulo, o Podcast Perdigoto estreou em 11 de setembro deste ano, integrando a residência artística da Mundana Companhia no Instituto Capobianco.

O projeto, que conta com 55 entrevistados de 17 estados brasileiros, foi idealizado pelos atores Aury Porto e Leonardo Ventura. A curadoria é do professor Alexandre Mate e da atriz e professora Wlad Lima.

A ideia do Podcast Perdigoto nasceu na pandemia, a partir do gosto de Aury pelo formato, que ele mesmo chama de “rádio sob demanda”, e pela ausência de conteúdo sobre o teatro brasileiro no geral, mas principalmente em podcast – modelo que reúne, no Brasil, aproximadamente, 40 milhões de ouvintes.

“Mas o que me pegava agora, mesmo, era essa ausência do teatro, das informações sobre o nosso universo, nesse mundo de comunicação tão vivo dos podcasts que tomou conta do Brasil um pouco antes da pandemia”, diz Aury.

A partir da ideia inicial, Aury sentiu a necessidade de um parceiro para o projeto, e é aí que Leonardo Ventura entra em cena. O ator, curioso pelo teatro e descrito como “bom perguntador” por Aury, embarcou, então, nessa jornada com o colega.

Entre um edital e outro, o Podcast Perdigoto toma forma como parte de uma residência de dez meses da Mundana no Instituto Capobianco.

Aury e Leonardo apresentaram o programa como um dos projetos da residência, junto de cinco peças teatrais. Para os atores, a curadoria deveria ficar sob responsabilidade de quem cria pontes e ultrapassa as fronteiras do eixo Rio-São Paulo; assim, chegam para integrar o projeto os professores Alexandre Mate e Wlad Lima.

Dar nome ao projeto não foi um problema, Programa Perdigoto já estava na cabeça de Aury enquanto idealizada o podcast. “Perdigoto, porque é de falar e ouvir. E o Perdigoto, que é essa saliva que a gente produz tanto fazendo teatro, e fazendo programa de rádio também”, explica Aury. 

Confira, a seguir, a entrevista com Aury Porto sobre o Programa Perdigoto:

Quais são as principais dificuldades de falar sobre o teatro brasileiro para além do eixo Rio–São Paulo? E, na sua visão, por que ainda existe certa resistência em abordar o teatro de fora dessas regiões?

O que acho que o que tem de pensamento nas pessoas que fazem teatro no Eixo Rio-São Paulo em relação ao resto do país, é preconceito. Acha-se que ninguém pensa nada a respeito de teatro, que tudo o que se faz é frágil; confunde-se, inclusive, com amador. Acho que temos de retomar a palavra amador; quem não faz por dinheiro é amador e isso não tem nada a ver com qualidade. 

(Não se sabe, mesmo sobre o teatro de fora do eixo Rio-São Paulo, não se conhece, mesmo. Assim como as pessoas não sabem distinguir as capitais dos estados do Norte, não distinguem Norte, Nordeste, nem Centro-Oeste…

Assim como não distinguem, não sabem nem o nome de um teatro de fora do eixo, de um grupo de teatro, de um artista de teatro. E aí a gente foi atrás disso.

Qual foi a abrangência do projeto? Participaram pessoas de quantos estados no podcast?

Nós temos no programa pessoas de 17 estados e do Distrito Federal, e a gente gosta de ressaltar as cidades, porque as pessoas fazem teatro nas cidades. A unidade federativa de “estado” significa pouco culturalmente e muito economicamente. Dependendo da situação, tem um viés político-partidário que tem uma significância, mas, culturalmente, é a cidade que as pessoas vivem. Uma cidade pode ser muito diferente de outra no mesmo estado. A gente foi também em manifestações da zona rural, como as Dramistas lá do Ceará, que têm uma tradição de teatro musical, de expressão musical na zona rural.

Em São Paulo, ficamos mais entre São Paulo e Santos… Em Brasília, a gente não ficou no eixo… a fala é de uma pessoa da Ceilândia, que eu conheci agora, um lugar tão cheio de força, de energia, de interesse.

Qual foi a sua maior descoberta ou aprendizado durante o processo do Podcast Perdigoto?

Eu tenho um aprendizado técnico, que é aprender a fazer roteiro de podcast dessa qualidade que a gente está fazendo, que é um misto entre entrevista e podcast narrativo. Esse é desafiador e muito trabalhoso, são muitas horas para fazer o roteiro.

O outro aprendizado foi reenergizante, foi revigorante, foi ouvir pessoas que me revigoraram. Quando eu escuto de novo as entrevistas, quando eu vou para fazer o roteiro, volta de novo aquele vigor da primeira vez, principalmente as pessoas fora do eixo Rio-São Paulo. Elas me revigoram, me energizam, me aquecem, me animam. 

E eu quero muito dividir com todas as pessoas que fazem teatro. O nosso público-alvo principal é a gente de teatro, quem está se formando e quem já se formou. Professores e alunos, velhos e novos, pobres e ricos. Eu quero, assim como Leonardo, assim como Alexandre Mate, assim como Wlad Lima, queremos dividir isso com todo mundo, com todo mundo do teatro.

Ouça o Podcast Pedigoto no Spotify!




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