Quanto mais o ator tenta “construir”, “ensaiar”, “controlar” ou “imitar” emoções, mais ele se distancia da própria vida. A cena vira uma vitrine de técnicas — e não um acontecimento” Harold Guskin em “Como parar de atuar”.
A formação tradicional da atriz e do ator ainda reproduz modelos colonizados de presença, sustentados pela busca da “autenticidade” como ideal fixo e pela necessidade de corresponder ao olhar externo. Harold Guskin, em Como Parar de Atuar, propõe libertar o artista do peso técnico para recuperar um trabalho íntimo e vivo; Trinh T. Minh-ha, em Woman, Native, Other, questiona a própria lógica de representar o outro e de performar autenticidade segundo padrões dominantes. O diálogo entre esses dois pensadores, somados à perspectiva da “pesquisa do instante” desenvolvida por Camilla, orienta uma atuação fundada no momento do instante, no fragmento — uma presença que emerge ali porque é convocada.
Diante do cenário teatral e audiovisual contemporâneo, esta oficina oferece uma abordagem urgente para artistas que buscam expandir seus modos de criação e presença, desenvolvendo consciência das próprias emoções e autonomia para convocar sua “verdade” em cena. Também se propõe o fortalecimento da circulação de corpos dissidentes com autonomia emocional em espaços de poder.
Além disso, responde à falta de acesso à cursos audiovisuais e a ausência de práticas que convoquem a presença de forma genuína e real.
Quando: De 12 de janeiro a 11 de fevereiro.
Dias: Segundas, Quartas e Sexta das 19h30 às 22h30. Sábados das 15h às 18h (17,24,31/01 e 7/02).
Local: Unidade Roosevelt.
Objetivos: “não faça menos, apenas não tente controlar…” Harold Guskin
O curso busca desenvolver a capacidade de “atuar sem atuar”, estimulando espontaneidade, impulsos verdadeiros e ações orgânicas, enquanto investiga corpo e voz como campos de presença. Propõe práticas de escuta radical e relação viva em cena, questionando padrões colonizados de representação e autenticidade. Incentiva a criação de cenas a partir de impulsos, gestos incompletos e presença indócil, produzindo material que revele verdade pela vulnerabilidade. Além disso, fortalece a autoconfiança dos artistas para atuarem em espaços de poder, ampliando sua autonomia e consciência na convocação da própria presença, favorecendo uma prática mais livre e conectada ao instante.
Orientadora: Camilla Flores.

Camilla Flores atua há 20 anos na área artística como atriz, diretora e formadora de atores e atrizes em São Paulo, desenvolvendo uma pesquisa própria sobre convocação de presença cênica, denominada “pesquisa do instante” . Suas práticas se apoiam na autoprodução, em referências literárias que investigam a atuação presentificada e na formação contínua de público na cidade de São Paulo. À frente da Soar Produções, contribuiu para levar quase dez mil espectadores aos palcos paulistanos, além de auxiliar jovens artistas na construção de uma atuação mais livre e autêntica. No teatro, trabalha como atriz e provocadora de interpretação/voz, citamos os espetáculos mais recentes sendo atriz “Tudo em Volta Está Deserto”, “XOXO”, “As Jardineiras” (direção de Ronaldo Serruya e dramaturgia de Denise Hygino) e ” Mulheres dos Cabelos Prateados” (texto de Ave Terrena e direção Georgette Fadel/Joana Dória).
Dirigiu o espetáculo “Desculpa:uma inconveniência em 9 partes”, texto de Vana Medeiros que se destacou na Sp Escola de Teatro como sucesso de público/crítica.
No audiovisual, integrou produções relevantes como o longa premiado Ainda Estou Aqui de Walter Salles, a novela Beleza Fatal de Maria de Medici e o longa em pós-produção “Irmandade” dirigido por Pedro Morelli.
Além de ser a diretora e criadora da imersão/oficina “Preparação e Gravação” ao lado de Paula Tonelotto , realizado na Casa de Marias Residência Artística e Casa Amélia, o projeto completou no ano de 2025 o número surpreendente de 17 edições, contando com a participação de atrizes e atores relevantes do mercado audiovisual.
“reconhecer, no próprio instante, o momento em que se mente para si.” — Camilla Flores, atriz e pensadora da atuação
Público: Maiores de 18 anos, que tenham envolvimento com teatro, ou algum segmento artístico.

Seleção: Análise curricular e carta de interesse. 35 vagas.
Cronograma das inscrições
Inscrições: De 12 de dezembro a 7 de janeiro de 2026.
Aprovados: 8 de janeiro de 2026.
Matrícula online: 8 a 11 janeiro de 2026.
Dúvidas ou questionamentos devem ser enviados por e-mail para a equipe de Extensão Cultural – extensao@spescoladeteatro.org.br
Observação
Ao se inscrever, o estudante deve estar ciente a respeito do Regimento Escolar da SP Escola de Teatro.

